Programa Alimentar Mundial relata ataques violentos a camiões que transportavam alimentos até o norte do enclave palestiniano. Funcionários descrevem “níveis sem precedentes de desespero”.
O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) informou esta terça-feira que o fornecimento de alimentos no norte da Faixa de Gaza, que tinha sido retomado no domingo após uma pausa de três semanas, teve de ser novamente interrompido após comboios da organização se tornarem alvo de pilhagens e atos de violência.
Funcionários do PAM relataram que “vários camiões foram pilhados”, “um motorista foi agredido” e “tiros foram disparados”.
“Na segunda-feira, a viagem de um segundo comboio rumo ao norte enfrentou caos total e violência devido ao colapso da ordem civil.”
O PAM descreveu “níveis sem precedentes de desespero” em Gaza, vendo-se por isso forçado a interromper as entregas de alimentos “até que haja condições que permitam distribuições seguras”.
“Colapso da ordem pública”
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, já tinha alertado na semana passada para o “colapso na ordem pública” em Gaza devido à deterioração das condições de segurança para a entrega de ajuda humanitária no enclave.
Desde o ataque do grupo islamita Hamas a Israel, a 7 de outubro, que Guterres tenta falar com o primeiro-ministro israelita, mas sempre sem sucesso, uma vez que Benjamim Netanyahu se recusa a atender as chamadas do secretário-geral.
Questionado pelos jornalistas sobre qual seria a sua mensagem para Netanyahu caso conseguisse falar com o primeiro-ministro israelita na iminência de um ataque a Rafah, Guterres remeteu para a sua “particular preocupação com a deterioração das condições e da segurança para a entrega de ajuda humanitária em Gaza”.
“Há um colapso na ordem pública. Ao mesmo tempo, temos restrições impostas por Israel que não melhoram e limitam a distribuição humanitária. Por outro lado, os mecanismos de resolução de conflitos para proteger a prestação de ajuda humanitária em relação às operações humanitárias não são eficazes”, avaliou, em declarações à imprensa em Nova Iorque.
A ONU calcula que a guerra deixou a população de 2,2 milhões à beira da fome e forçou o deslocamento de 1,7 milhões de palestinianos em Gaza.
Os alertas das agências humanitárias da ONU têm lugar enquanto Israel prepara uma ofensiva em Rafah, no sul do enclave palestiniano. Situada na fronteira com o Egito, a cidade abriga 1,5 milhões de refugiados que se dirigiram para a região depois de Israel ordenar a evacuação de amplas áreas do norte de Gaza.
ZAP // DW
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