Neandertais ficavam com troféus das matanças. Portuguesa ajudou a descobri-los

Javier Trueba/MSF

Dezenas de crânios de grandes mamíferos foram encontrados numa caverna, em Espanha.

Dexter, és tu?

Uma equipa de arqueólogos e paleontólogos descobriu dezenas de crânios de grandes mamíferos, numa caverna em Espanha.

O local em causa é Cueva Des-Cubierta, perto de Madrid, conhecido por diversas descobertas arqueológicas. É uma longa galeria de cavernas que não têm o seu tecto original, explica o portal da Universidade do Algarve.

A instituição algarvia destaca esta descoberta porque uma das cientistas envolvidas no estudo é a portuguesa Ana Abrunhosa, investigadora do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve.

Ana Abrunhosa é também arqueóloga do Centro Nacional de Investigação da Evolução Humana.

O estudo, publicado na revista Nature Human Behaviour, acaba por confirmar que os símbolos já existiam na época dos neandertais – e eram importantes para muitos.

Universidade do Algarve

Ana Abrunhosa, investigadora do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArEHB) da Universidade do Algarve

Estes neandertais viveram nesta região há mais de 40 mil anos e ficavam com os crânios como troféus de caça.

Foi recuperada uma coleção excepcional de restos ósseos de grandes herbívoros, alguns deles associados a pequenas fogueiras.

As carcaças dos animais terão sido inicialmente processadas fora da caverna e os crânios foram posteriormente levadas para dentro. Numa aparente segunda ronda de processamento, procedeu-se à remoção do cérebro.

Em todos os casos (bisonte, veado, rinocerontes…) o processo foi o mesmo: os neandertais removeram a mandíbula e a mandíbula superior, e deixaram o crânio com chifres ou hastes como troféu de caça.

Terá sido um comportamento mais relacionado com um ritual, algo simbólico – mais do que algo relacionado com a sua sobrevivência destes humanos.

E fica a ideia de que este comportamento foi recorrente, que se prolongou por diversas gerações.

Era uma prática do simbolismo Neandertal – que afinal também eram capazes de relacionar conceitos com símbolos.

Também foram descobertas ferramentas de pedra musterianas (em homenagem a Le Moustier, França), bigornas e martelos usados para partir os crânios.

Os neandertais foram humanos arcaicos que viveram na Eurásia até há cerca de 40 mil anos.

ZAP //

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