O Presidente da República afirmou que visitou o Bairro da Jamaica, esta segunda-feira, para combater a ideia de “uns contra os outros” e sublinhar que “somos todos portugueses”.
Marcelo Rebelo de Sousa lamentou esta terça-feira o “clima de guerra racial” a que se assistiu na sequência do confronto entre polícias e habitantes do Bairro da Jamaica. Sem imputar responsabilidades ao presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), o Presidente da República acabou por responder às suas criticas.
Esta terça-feira, o presidente do sindicato considerou que a visita de Marcelo ao Bairro da Jamaica o fazia sentir-se “discriminado”, acusando o Presidente de “desprezo completo” pela polícia. No mesmo dia, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu.
“A última coisa de que Portugal necessita é de haver qualquer tipo de comportamento que crie um empolamento artificial na sociedade portuguesa de um conflito racial, que é uma porta aberta à xenofobia e ao radicalismo, que deu o resultado que deu noutros países”, disse.
“Quando ando pela rua em contacto com os portugueses não peço o cadastro criminal, nem fiscal, nem moral para falar com eles ou tirar selfies – é com todos”, acrescentou ainda o chefe de Estado, referindo-se às críticas de que tem sido alvo por ter tirado fotografias com pessoas que estiveram envolvidas no confronto de 20 de janeiro.
De acordo com o jornal Público, Marcelo foi ainda questionado sobre se não teria sido preferível ir ao bairro depois de conhecidos os resultados das investigações criminais ainda em curso, ao que respondeu que não.
“Eu desde o primeiro momento separei os factos em investigação pelo Ministério Público da realidade global. Não se pode generalizar, que é o que muita gente começou a fazer, criando um clima de uma guerra racial. Foi precisamente contra esse clima de guerra racial que lá fui, para dizer que aquele é um bairro tão português como todos os outros“, afirmou.
Para Marcelo, “não houve uma guerra de um bairro negro contra uma polícia branca, ou de uma polícia branca contra um bairro negro”. O que houve e há é “uma comunidade portuguesa, num bairro português que tem problemas críticos, habitacionais, como muitos outros, embora com um plano de realojamento, e uma força de segurança, uma polícia portuguesa, que exerce a sua função ao serviço do Estado de Direito democrático, como eu disse desde a primeira hora”.
No final das suas declarações, deixou um recado à ASPP: “Por definição, as forças de segurança exercem a sua autoridade relativamente a todas as comunidades no espaço nacional, urbano ou não urbano. Estar a querer equiparar essas realidades é diminuir o papel das forças de segurança”.
“Não perceber isto é não perceber o papel das forças de segurança, que estão num plano diferente da sociedade relativamente ao qual exercem autoridade”, concluiu.