Os sites dos jornais Sol e i publicaram esta quarta-feira na internet o ficheiro áudio das gravações do plenário de trabalhadores durante o qual o CEO da empresa, Mário Ramires, informou os trabalhadores que os dois jornais vão encerrar para dar lugar a um novo projecto.
A Newshold, grupo angolano que detém os jornais Sol e i, anunciou no passado dia 30 ter decidido encerrar as duas publicações.
A ideia de Álvaro Sobrinho é criar um novo projecto jornalístico, com apenas um terço dos trabalhadores dos dois jornais, e despedir cerca de 120 profissionais das duas empresas.
Esta quarta-feira, os sites de ambos os jornais divulgaram os ficheiros áudio das gravações do plenário de trabalhadores, alojadas no SoundCloud.
Segundo o jornal Observador, a gravação do plenário foi tornada pública no site por ordem do CEO da empresa, Mário Ramires, que é ouvido na gravação a perguntar se o seu discurso está a ser gravado.
Ramires apresentou-se aos trabalhadores começando por dizer que se a reunião tivesse ocorrido antes, as notícias teriam sido “péssimas“.
O CEO começa por dizer que é marinheiro, e que “esteve para vir vestido de marinheiro“, mas que no dia anterior tinha ido a uma reunião “muito dura, vestido de marinheiro”, e que “não o tinham entendido”.
Ramires usa a analogia para anunciar que “o barco está há muito tempo a meter água, mas que agora está mesmo mesmo mesmo a ir ao fundo“, e que “nem o armador nos pode salvar”.
“Eu não desisto, e mesmo que toda a gente abandone o barco, eu serei o último a abandonar o barco, eu não vou desistir. E por isso eu trouxe os meus filhos”, diz Mário Ramires.
O CEO anunciou que após o encerramento das duas publicações da Newshold, dará início a um novo projecto jornalístico, com parte dos trabalhadores.
“Para meter o barco à tona, para fazer o barco subir, alguns têm de saltar fora, e são muitos“, diz.
“Quem estiver disposto a sacrificar a indemnização, para que os que saem a possam receber, têm de confiar em mim”, acrescenta.
“Mas se alguém duvida da minha palavra, saia“, diz Mário Ramires, “e quem quiser ficar aqui a chorar, e que isto é muito duro, e que não sei quê, eh pá, esse não, esse vai já para casa. Recebe na mesma o seu salário, recebe na mesma a sua indemnização e sai já para casa.
“Bom dia, meus senhores”, ouve-se na gravação alguém que abandona o plenário.
O CEO da empresa revela que a viabilização do novo projecto implica obrigatoriamente que quem ficar terá que abdicar da sua indemnização.
Ramires pede mesmo aos trabalhadores que não querem prescindir da caução para levantarem o braço, e aos restantes que assinem os papéis a prescindir da indemnização.
“Os ratos que saltarem do barco, que já saltaram alguns, mas poucos, todos receberão”, diz, “eu garanto-lhes que receberão a sua indemnização. Não é hoje, mas têm de confiar na minha palavra, que está registada“.
Ramires questiona várias vezes a validade e eficácia da legislação laboral.
“Ah, eu tenho direito à minha indemnização da antiguidade de sete anos, mas quem é que paga a indemnização”, se a empresa fecha e os accionistas não têm obrigações, questiona Mário Ramires.
“As empresas morrem hoje, estão falidas há muito tempo. Ninguém tem direito a nada. Ok? Ok?”.
Mas o Sol e o i podem continuar, mas “só se as empresas fecharem limpas”, isto é, que é inevitável cumprir as obrigações com o estado, impostos e Segurança Social, mas que os trabalhadores têm que abdicar das suas indemnizações.
“Se todos abdicarmos de um bocadinho, eu tenho uma empresa que assumirá a continuidade do Sol e do i”, diz, “não tem nenhum outro accionista”.
Ramires diz que o novo projecto, por si liderado, terá a participação dos actuais accionistas, apenas como “seus amigos”.
“Já meteram na empresa centenas de milhões, muitos milhões, estiveram mais de 7 anos a meter dinheiro”, explica, “e agora convenci-os a meter mais algum, por amizade”.
“Estão dispostos a fazer um último investimento nestas pessoas todas e nestes projectos. Não serão accionistas. Serão meus amigos”.
O CEO explica que no novo projecto haverá “um jornal diário, o i, que sairá todos os dias da semana, e um semanário, o Sol, que sai ao sábado, e o i não sai ao sábado”.
“O que vos peço é que façam com que o barco vá para a frente, numa só direcção e com um único objectivo: um projecto jornalístico livre e não dependente de ninguém”, pede Mário Ramires.
ZAP
Eu conheço este discurso. É o mesmo que ouvi na minha empresa, na outra antes desta, na da minha mulher, do meu irmão, do meu vizinho, do pai do meu vizinho… até da empresa do cão do meu primo. É o discurso de quem joga com a vida das pessoas que trabalham. Querem fazer-nos sentir que a indemnização é algo que estamos a roubar aos pobres investidores. Que sem esse dinheiro, não podem trocar os 300 pneus dos porches e mercedes. Então a história do barco para a frente… remar para o mesmo lado… levar o barco a bom porto… Era necessário? O parente do tio Simões, não tem que chegue? Não recebeu de volta os seus milhões? Pó ca raças com o VOSSO barco!
Sinceramente revolta-me ver este chico espertismo dos chamados “empresários” portugueses.
Prescindir da indemnização? Mas ele esteve a beber ou quê? (possivelmente até esteve, visto que esteve para vir vestido de marinheiro….)
Sinceramente….
Querem fechar, fechem. É o que vai acontecer de qualquer das formas! Ele está lá apenas para tentar que os amigos não tenham que pagar tanto de indemnizações e ao fim de 4-5 meses fecha de vez, sem obrigatoriedade de indemnizar ninguém e ainda conseguem vender o espólio da empresa para recuperar algum dinheiro mais!
Eu emigrei por várias razões, mas agora que estou fora daí é que realmente consigo ver o verdadeiro panorama.
E sinceramente, enoja-me…
Voltar a Portugal para estes “empresários” de meia-leca? Não obrigado.
Antes remediado e honrado no estrangeiro do que miserável, roubado, enganado e humilhado por essa escumalha (para não usar vernáculo).
Portugal no seu melhor…
Mas, tu sabes, pelos menos, ler?!
Nota-se que estás atento…
Ou és mais um daqueles portugueses rafeiros que anda na França a limpar sanitas e tem a mania que é mais do que os outros?!
A frustração deve ser pouca, deve…
Deves ser tão “bom”, que pensas que são todos como tu…
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Comentado a noticia:
Empresários portugueses?!
Onde?
Estes são lixo angolano!…
Que belo comentário, sim senhor….TU deves ter a casa cheia de merda, porque se a limpares até podes pensar que és doutor, não é o senhor Doutor ??? Que raio de mania de insultarem sempre os emigrantes e os seus ofícios..
Não percebo muito bem onde está o problema. No caso dos trabalhadores que transitam de uma empresa para a outra, porque é que haveriam de receber indemnização, se mantêm o emprego? Os que vão para o desemprego, esses sim, devem receber toda a indemnização a que têm direito.
Este tal de CEO é apenas um testa de ferro usado para, entre outras coisas, meter medo. Porque de resto o discurso é de uma pobreza confrangedora. Ignorância sobre lei do trabalho! Tiques de ditador de vão de escada! Vazio de conteúdo! Enfim, ninguém leva a sério! Só o Sol e o I podiam ter tal CEO! Mas era preciso alguém que desse a cara por um projecto manhoso angolano!