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Apoiantes de Georgescu em confronto com a polícia este domingo
Violência nas ruas rebentou este domingo à noite. Candidato que venceu a anulada primeira volta nas presidenciais impedido de participar novamente. Os EUA estão do seu lado.
Cocktails Molotov e 13 polícias feridos. Este domingo, a desordem reinou em Bucareste, com os apoiantes do candidato presidencial Călin Georgescu a invadir a sede do gabinete eleitoral romeno (BEC) durante a noite, agredindo as forças de segurança.
Na verdade, a Roménia já assiste ao caos politico desde dezembro de 2024, quando a primeira volta das eleições presidenciais deu a vitória ao candidato menos provável: Georgescu.
Populista, de extrema-direita, mas pró-Putin (e Orbán), fez campanha pelo TikTok, onde surgia em vídeos a correr ou a ir à missa, por exemplo. O antigo engenheiro de 62 anos é também contra o envio de apoio à Ucrânia e defende o nacionalismo económico.
Foi nas redes sociais que fez furor: tinha centenas de milhares de seguidores no TikTok. Mas, depois de vencer a primeira volta das eleições, em dezembro, um relatório da agência de informação Snoop relatava que a autoridade tributária do país descobrira que a sua coligação tinha pago uma campanha nas redes sociais no TikTok através de influencers e da promoção de uma hashtag.
Os liberais são um parceiro de coligação no governo, e também tinham um candidato, Nicolae Ciuca, que acabou por ficar em quinto lugar. A hashtag, que terá sido inicialmente criada pelos liberais, terá sido desviada para apoiar Georgescu. A rede de influência terá sido tão bem gerida que impedia a deteção de bots.
A operação terá sido orquestrada através da Rússia, que terá interferido no processo eleitoral da mesma maneira que o fez com a adesão da Moldávia à União Europeia.
O Supremo Tribunal Constitucional do país acabou por anular os resultados da primeira volta, dias antes da segunda, e, de acordo com o que contava o Politico em dezembro, a Comissão Europeia abriu uma investigação formal sobre a forma como o TikTok gere riscos de influência em eleições.
A procuradoria-geral romena abriu um inquérito criminal contra Georgescu, que o acusa de subversão da ordem constitucional e a criação de uma organização fascista. À saído do tribunal, o mês passado, o ex-candidato presidencial fez o que foi considerado uma saudação nazi.
As eleições foram reagendadas para maio, e Georgescu está agora impedido de participar nelas, o que gerou o caos. Os apoiantes do ex-candidato presidencial de 2024 sairam à rua em protesto, e o próprio garante que o facto de ter sido barrado prova que “a Europa é agora uma ditadura” e que “a Roménia está sob tirania”.
A situação política já levou o presidente romeno, Klaus Iohannis, à demissão, em fevereiro. Atualmente, quem chefeia o país é o presidente interino Ilie Bolojan.
Ao contrário da União Europeia (a que a Roménia pertence), que deu atenção às suspeitas de fraude eleitoral, os norte-americanos já se pronunciaram contra a decisão do Tribunal.
Segundo cita a CNN, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, disse que as suspeitas que recaem sobre o ex-candidato são “frágeis”. “Se a sua democracia pode ser destruída com algumas centenas de milhares de dólares de publicidade digital de um país estrangeiro, então não era muito forte para começar”, disse ainda. Também Elon Musk disse que proibir a candidatura de Georgescu era “uma loucura”.
George Simion, presidente do partido de extrema-direita a que o ex-candidato pertence, Aliança para a Roménia (AUR), disse esta segunda feira que que proibiu Georgescu de se candidatar novamene devia ser “esfolado na praça pública”.
A violênica escala, e a noite deste domingo foi marcada não apenas pela invsão do BEC, mas também pelos confrontos com a polícia na rua. Houve mesmo manifestantes que arrancaram alcatrão da rua para o atirar às forças policiais.