Mulheres no exército ucraniano acusam comandantes de as obrigarem a fazer sexo

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Atef Safadi / EPA

As mulheres nas forças ucranianas queixam-se de terem de usar uniformes construídos para os corpos dos homens e há vários relatos de assédio sexual.

O exército ucraniano não recruta mulheres, mas há cerca de 60 mil voluntárias nas forças armadas. Já mais de 100 soldadas perderam a vida nos confrontos com a Rússia, mas a morte é apenas um dos riscos que as mulheres enfrentam.

O Ministério da Defesa da Ucrânia até promove a imagem de soldados homens e mulheres a combaterem juntos. No entanto, os relatos das voluntárias pintam um quadro de desrespeito institucional e assédio, afetando a eficácia geral do exército.

Um soldado lamenta ao The Guardian que os escalões superiores raramente ofereçam o mesmo respeito às colegas do sexo feminino, descrevendo a mentalidade militar como uma mistura de “normas da NATO e sistema soviético“.

A sargento Nadiya Haran descreve a situação como “lutar contra dois inimigos ao mesmo tempo”. “Um deles é a Rússia, obviamente. E o outro são os estereótipos e estigma que enfrentámos todos os dias. O único sítio onde não vi esse estigma foi na frente de batalha porque toda a gente estava tão ocupada a lutar pelo seu país”, afirma, acrescentando que um superior já lhe disse que o seu lugar era “na cozinha”.

Um desafio enfrentado pelas soldadas é a falta de uniformes e calçado adaptados aos corpos das mulheres, o que as obriga a usar os materiais que o exército oferece aos homens ou a ter de comprar os seus próprios. Isto, por sua vez, deixa as mulheres mais expostas e com dores de costas, já que a armadura ou lhes aperta o peito ou fica com uma protuberância na barriga.

Também não são fornecidos contraceptivos femininos na linha de frente nem a dispositivos de desvio urinário que permitam que as mulheres nas trincheiras fiquem de pé ao fazer as suas necessidades para evitarem infeções.

Mas o principal problema é o assédio sexual. “Ontem tive que falar com uma menina, que sabe sou uma ex-assessora de género do exército, que foi internada numa clínica psiquiátrica sem o consentimento de seu comandante, só porque pediu transferência para uma unidade de combate”, explica Haran.

“É assim tão mau. E a minha ex-subordinada, uma médica, registou um relatório de assédio sexual e havia testemunhas, mas todos os homens recusaram testemunhar em seu nome e o seu comandante ameaçou colocá-la numa clínica também, apenas por denunciar que estava a ser assediada sexualmente”, acrescenta.

Em certos casos extremos, as mulheres dizem até ser coagidas a ter relações sexuais com os comandantes, que ameaçam enviar os seus maridos para situações perigosas se resistirem.

A vice-Ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar, já reagiu às revelações. “Peço a todas as mulheres nas forças armadas que me enviem um comunicado. Eu vou contactar a polícia e levar os agentes pela minha mão para investigarem isto. Dêem-me todas as informações, eu pessoalmente chamarei a polícia. Estas coisas são inaceitáveis; uma mulher não pode ser tratada assim. Eu vou protegê-las“, garante.

A responsável política avança ainda que a Ucrânia está a desenvolver um uniforme militar especificamente para as mulheres que estará pronto em breve. “Precisamos de criar uniformes para mulheres. Mesmo quando estamos a falar de roupa interior, quando uma mulher segura uma metralhadora, é necessário que as alças não saiam do sutiã, se me der licença para tais detalhes”, refere.

“O desenvolvimento deste uniforme levou tempo porque envolve testes. As mulheres dos grupos focais devem usar várias versões deste uniforme e depois escolher a melhor. Isso demorou tempo. O modelo foi aprovado. O próximo passo é encontrar um fornecedor que possa produzir estes uniformes em massa”, justifica.

Adriana Peixoto, ZAP //

5 Comments

  1. Então os ucranianos eram melhores que os russos, os salvadores da nação! E agora atacam as próprias mulheres do seu país?

    Já tinha dito e volto a dizer, na guerra não existe bons da fita e maus da fita! Isso é só em filmes! A única coisa que a guerra trás é destruição morte e casos de derespeito das regras humanitárias dos dois lados!

  2. Depreendo, pelos comentários, que há pessoas que têm dificuldade em oxigenar o cérebro. Querer com este facto “desculpar” a invasão russa, só pode vir de um qualquer anormal.

  3. Querer diminuir o ato criminoso russo ou comparar o comportamento de russos e ucranianos é criminoso e apenas pretende desvirtuar um facto incontestável: o invasor é a Rússia de Putin, O invadido é a Ucrânia. O criminoso é Putin e o seu regime que matam diariamente civis e crianças. O Ocidente nunca parará de apoiar a Ucrânia. Se o fizer, está apenas a abrir as portas para uma terceira guerra mundial poucos anos mais tarde. Putin tem de ser parado na Ucrânia. E será parado na Ucrânia.

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