Uma mulher norte-americana que presenciava um caso de violência doméstica telefonou para a linha de emergência 911 (112 em Portugal) a encomendar uma pizza, para que o atacante não percebesse que estava a ser denunciado.
A mulher, cuja mãe estava a ser vítima de violência doméstica, ligou para o número de emergência e disse que queria encomendar uma pizza para o seu apartamento. “Ligou para o 911 para encomendar uma pizza?”, perguntou o telefonista, Tim Teneyck, de acordo com a BBC. “Este é o número errado para quem quer encomendar uma pizza”, continuou, pensando ser um engano.
Porém, a mulher insistiu, dizendo que ele não estava a perceber. Segundo o telefonista, a insistência fez com quem Teneyck percebesse que, afinal, se tratava de uma denúncia e que a mulher não podia falar claramente sobre a situação. Assim, acionou os mecanismos necessários para a detenção do agressor.
O telefonista foi fazendo perguntas para que a mulher respondesse sim ou não, sem correr riscos. “O homem ainda está aí?”, perguntou o telefonista, ao que a mulher respondeu: “Sim, eu preciso de uma pizza gigante”.
“E precisa de um médico?”, continuou Teneyck. “Não. Com pepperoni”, respondeu a denunciante. A conversa parece confusa, mas, na verdade, a mulher estava a dizer à linha de emergência que o homem estava na morada fornecida para a “entrega da pizza”, mas que não era necessário que um médico se deslocasse.
Este caso é semelhante ao utilizado numa campanha norueguesa de apoio às mulheres, realizada em 2010, que foi replicado por outra vítima, em maio de 2014, mas através de mensagens publicadas na rede social Reddit, que se tornou um anúncio do Superbowl, que abordava casos de violência doméstica.
Esta forma de denunciar este tipo de casos tem tido frequente nos Estados Unidos durante os últimos anos, mas a taxa de sucesso tem sido rara.
Christopher Carver, diretor do centro de operações da Associação Nacional de Números de Emergência nos EUA, disse à agência Associated Press que a polícia não está treinada para este tipo de códigos, acrescentando que “as expetativas de que frases secretas funcionem como denúncia para os números de emergência são potencialmente perigosos”. Por isso, recomenda que as pessoas utilizem o serviço de SMS do 911.