MP comete 3.º erro na Operação Influencer. PGR fez questão de incluir “parágrafo assassino”

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José Sena Goulão / Luso

Lucília Gago, procuradora-geral da República

A reunião na sede do PS aparece numa escuta porque alguém estava a passar por lá. PGR escreveu o parágrafo decisivo.

O Ministério Público envolveu a sede do Partido Socialista (PS) no despacho de indiciação da Operação Influencer.

Em Dezembro do ano passado, supostamente, Diogo Lacerda Machado disse a Vítor Escária que iria haver um encontro com Afonso Salema (era director-executivo da Start Campus) na sede do PS, no Largo do Rato, em Lisboa.

Mas Vítor Escária, agora ex-chefe de gabinete de António Costa, garantiu em Tribunal que nunca tinha estado com essas duas pessoas na sede do PS.

Foi aí que, segundo o jornal Expresso, os três procuradores da Operação Influencer aperceberam-se do erro na escuta: alguém disse que estava a passar pela sede do PS durante esse telefonema. Mas ficou registado que estavam a combinar uma reunião para aquele local.

Foi no Palácio de São Bento, residência oficial do primeiro-ministro, que Vítor Escária juntou Lacerda e Salema; quatro vezes, no seu gabinete. Sempre para falar sobre o já famoso processo de Sines.

Os procuradores do Ministério Público já tinham detectado outros dois erros neste documento.

Um envolveu João Galamba. O ex-ministro teria aprovado uma portaria com contributos dados por advogados ligados à Start Campus que beneficiariam esta empresa – mas isto não estava relacionado com o centro de dados de Sines; eram autorizações para o desenvolvimento de outros projectos nos terrenos de antigas centrais termoelétricas, aproveitando outras fontes de electricidade.

O outro erro foi de transcrição: Lacerda Machado e Salema falavam, num telefonema, sobre influências junto do Governo por parte de “António Costa” – mas era António Costa Silva, ministro da Economia, e não o primeiro-ministro.

PGR escreveu o parágrafo decisivo

António Costa demitiu-se porque, segundo o próprio, foi surpreendido pelo último parágrafo do comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a Operação Influencer.

Após várias dúvidas sobre essas últimas linhas, que referem a “invocação” do nome do primeiro-ministro por parte de suspeitos, esclarece-se quem escreveu o parágrafo.

Também de acordo com o Expresso, foi mesmo Lucília Gago, a procuradora-geral da República, quem escreveu e quem fez questão de incluir essa indicação.

Os procuradores tinham enviado (como sempre) as informações sobre o processo, mas não indicaram essa parte sobre o primeiro-ministro e a análise que seria feita pelo Supremo Tribunal de Justiça.

Mesmo assim, Lucília Gago foi mais além e quis incluir as dúvidas à volta do primeiro-ministro. Porque, adiantam fontes ligadas ao processo, a PGR não queria que o Ministério Público fosse acusado de proteger António Costa quando sabia da investigação do Supremo Tribunal de Justiça.

O jornal também nega que haja mal-estar nesta equipa de magistrados, que entendeu a decisão da PGR.

Marcelo soube antes

No dia da demissão de António Costa, o primeiro-ministro esteve duas vezes com o Marcelo Rebelo de Sousa, de manhã. Mas, na primeira reunião, não apresentou a demissão.

A revista Sábado explica que Costa pediu a Marcelo para falar com Lucília Gago para perceber melhor o processo.

A procuradora explicou o caso e contou ao presidente que já tinha sido iniciado um inquérito ao primeiro-ministro, no Supremo Tribunal de Justiça.

Só durante essa conversa é que foi publicado o famoso comunicado. Ou seja, Marcelo Rebelo de Sousa soube antes de António Costa que o próprio Costa era alvo de um inquérito.

Alguns minutos depois, Costa voltou a estar com Marcelo e, aí sim, falou sobre o “parágrafo assassino” e pediu a demissão.

Mas, de acordo com fonte ligada à presidência, Marcelo Rebelo de Sousa não influenciou o comunicado da PGR. Aliás, só soube do inquérito através de Lucília Gago.

ZAP //

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10 Comments

  1. Os avençados do PS estão a plantar notícias na imprensa para denegrir o Ministério Público.
    Não é novo. No início do processo contra Sócrates tentaram o mesmo.

  2. Coisa pouca o que se passava com Lacerda Machado, amigo de peito de António Costa (até descobrir o que se passava) e o Vítor Escária (Chefe de gabinete de António Costa). O Vítor Escária gostava de adornar livros e garrafas de vinho com dinheiro. Ambos saíram do inquérito com medidas de coação decretadas por um juiz, não pelo que fizeram, mas sim por naquele período em que estiveram detidos não terem podido dar milho aos pombos.
    Pelo Magalhães e Silva nada se passou!…
    Haja vergonha e respeito pelo Povo.

  3. Erro?!
    O erro maior foi de quem deu a maioria a estas sanguessugas!!!
    O MP erra, como todos, mas… porque terá de ser diferente se errar contra o PS?!
    As Leis estão mal feitas… é uma verdade!!!
    Mas, são os Governos com acordos de 2/3 que conseguem alterar as Leis, no Parlamento… porque o AC recusou o apoio do PSD para “reformar” esta Legislação?!
    Agora, que lhes chegou o fogo nas nalgas, já é o ai Jesus…. cambada de parasitas!!!
    Nota: parem de vender xamon petroleiro ao Galamba… ele precisa de fumar algo com mais qualidade, das!!!

  4. a grande golpada resultou ,não conseguiram os professores ,nem os meeeeediicccos , nem os ennnnnnfermeiros ,nem o resto da pandilha mas conseguiu um gaaaagoooo

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