O enfermeiro francês, que se tornou o símbolo do debate sobre a eutanásia em França, morreu esta quinta-feira, informou a família à AFP.
Depois de onze anos ligado às máquinas, Vincent Lambert, enfermeiro francês que ficou tetraplégico e em estado vegetativo depois de um acidente rodoviário em 2008, morreu na manhã desta quinta-feira.
A informação foi confirmada pela família à Agence France-Presse. “Vincent morreu às 8h24 da manhã de hoje”, informou o seu sobrinho Francis.
Esta terça-feira, os pais tinham anunciado que as máquinas que o mantinham vivo iam ser desligadas. “Desta vez acabou. Os nossos advogados forçaram ainda o recurso nos últimos dias e realizaram as ações finais para fazer valer o recurso suspensivo perante a ONU, que beneficiava o Vincent. Mas em vão”, diziam Viviane e Pierre Lambert numa carta enviada à AFP. “A morte de Vincent é agora inevitável” e “se não aceitarmos isso, só podemos resignar-nos”.
Lambert deixou de receber tratamentos médicos na passada terça-feira, depois da decisão do Supremo Tribunal ter decidido levantar o bloqueio à paragem do tratamento.
Os pais, profundamente católicos, nunca aceitaram que as máquinas fossem desligadas e sempre defenderam que seria possível reverter a morte cerebral em que o filho se encontrava, apesar de os médicos afirmarem que não havia sinais de melhoria.
Na semana passada, os progenitores ainda tentaram que a decisão fosse alterada e apresentaram uma queixa contra o médico Vincent Sanchez, do Hospital Universitário de Reims, por “tentativa de intenção de assassinato”.
O enfermeiro de 42 anos ficou tetraplégico em 2008, na sequência de um acidente rodoviário, tendo-se tornado um símbolo do debate sobre a eutanásia em França nos últimos onze anos. Sem testamento vital para determinar as condições em que se pretende recorrer à morte assistida, o francês ficou entregue à nomeação de um representante legal.
Em junho de 2015, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem autorizou a interrupção do tratamento de Vincent Lambert. O órgão considerou na altura que a eutanásia não viola o artigo 2.º da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, relativa ao Direito à Vida.