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O “abraço de urso” de Montenegro a Ventura. PSD, IL e Chega preparam pacto de não agressão

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ppdpsd / Flickr

O ex-líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro

O ex-líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro

PSD, Iniciativa Liberal (IL) e Chega podem estar a preparar um “entendimento tácito em que se comprometem a não atacar-se uns aos outros”. Uma estratégia que visa derrubar o Governo do PS.

A ideia é avançada pelo Nascer do Sol que noticia que já houve “movimentações” nesse sentido que começaram “nas segundas linhas dos partidos”. A “estratégia do PSD é não hostilizar Chega e IL e unir forças contra o PS, com a mira em Pedro Nuno Santos como líder da esquerda unida em 2026″, aponta o jornal.

Os sociais-democratas jogam, nesta altura, com eventuais futuros cenários de chegada ao Governo. Mas as grandes dúvidas são “o que fazer com o partido de André Ventura e como chegar ao poder”, analisa o Nascer do Sol.

É, neste âmbito, que surge a possibilidade de “alcançar um pacto de não agressão” entre os três partidos do hemisfério da direita.

Luís Montenegro, líder do PSD, já disse que a estratégia de hostilizar o Chega é errada, pois só serve os interesses do PS.

O próprio André Ventura também admitiu, na semana passada, que “há um novo quadro de relação com o PSD”.

Os sociais-democratas estão de olho nas legislativas de 2026, com a expectativa de que, nessa altura, seja Pedro Nuno Santos o líder do PS, e candidato a primeiro-ministro, na fé de que Costa vai sair no final da presente legislatura.

Com Pedro Nuno ao leme, o PS assumirá um discurso mais à esquerda, ao contrário do que acontece actualmente com Costa, que coloca o partido mais ao centro. E é aí, nesse centro que ficará orfão, que o PSD conta ganhar mais votos.

Pinto Luz não rejeita alianças com o Chega

O vice-presidente do PSD, Miguel Pinto Luz, não comenta directamente esta questão do pacto de não agressão, mas garante que “as relações do PSD com o Chega” não mudaram em entrevista ao programa Interesse Público, como cita o Público.

“Não me revejo em quase nada do que o Chega diz”, nota, mas repete o que disse há dois anos de que um “cordão sanitário é um incentivo perverso ao próprio Chega”.

Pinto Luz não rejeita liminarmente alianças com o Chega, mas diz que este assunto só “serve os interesses do dr. Ventura”.

Temos vindo a levar ao colo o Chega e vamos continuar a levar ao colo se continuarmos com este tipo de atitudes”, acrescenta o dirigente do PSD.

O Chega “tem a seu lado os media tradicionais” e “chega a aparecer mais na comunicação social do que um partido como o PSD”, lamenta ainda Pinto Luz, frisando que o partido de Ventura também “lucra” com a “viralidade das redes sociais”.

“O Chega sabe que de cada vez que disser uma das suas barbaridades, de cada vez que colocar na agenda política um tema fracturante em que ninguém acredita, sabe que tem ao seu lado as redes sociais“, conclui Pinto Luz.

“Montenegro quis normalizar o Chega”

A postura do PSD quanto ao partido de Ventura, sobretudo devido à votação favorável à eleição de Rui Paulo Sousa, do Chega, como vice-presidente da Assembleia da República (AR), tem merecido muitas críticas, nomeadamente no seio da própria direita – e até dentro do PSD.

Esta votação dos sociais-democratas foi “o primeiro sinal deste conluio entre os três partidos” de direita, como avança o Nascer do Sol, salientando que PSD, IL e Chega estão de olho na “viragem da Europa à direita” depois dos triunfos de Giorgia Meloni em Itália e da coligação de direita na Suécia.

Para Francisco Mendes da Silva, advogado que esteve ligado ao CDS, “Montenegro quis aparecer ao lado do Chega, para o “normalizar””. O deputado centrista admite, num artigo de opinião no Público, que o líder do PSD pode querer “dar a Ventura o chamado “abraço de urso””.

Mas esta “estratégia não faz sentido” porque “o Chega está normalizado”, vinca Mendes da Silva, frisando que, de resto, “a “normalização” do Chega é uma tarefa do próprio Chega. Não é do PSD”.

Assim, o antigo militante do CDS defende que “o PSD devia ter uma posição estratégica clara” sobre possíveis cenários eleitorais futuros, tendo em conta que a sua “vocação” é “obter uma maioria para governar sozinho” e que “o Chega representa uma direita que é função histórica do PSD combater e superar”.

Portanto, “qualquer entendimento entre os dois partidos dependeria de uma actualização ideológico-programática significativa e comprovada do Chega, que o transformasse em algo que neste momento claramente não é”, constata ainda Mendes da Silva.

PSD apoiar o Chega é “bizarro”

O jornalista e comentador político Sebastião Bugalho, também com ligações ao CDS, critica igualmente o apoio do PSD ao Chega na eleição do vice-presidente da AR.

“Não cabe na cabeça de ninguém que, com um Governo em sufoco, o maior partido da oposição se preste a servir de embaixador de uma força política concorrente e populista, que passou os últimos três anos a usar – quando não achincalhar – o PSD”, analisa num artigo de opinião no Diário de Notícias.

“Quando o governo não respirava, os laranjas escolheram o boca-a-boca ao Chega e o consequente, e óbvio, balão de oxigénio que o PS precisava em mais uma atribulada semana de maioria absoluta”, acrescenta Bugalho. Ora, “nem a normalização do Chega nem o alívio do PS são – ou deveriam ser – prioridades do PSD”, constata ainda.

Além do mais, a AR “ser representada por alguém que defende uma nova República seria, no mínimo, bizarro” e “um partido fundador de todas essas instituições secundar esta pretensão ainda mais bizarro é“, acrescenta Bugalho, recomendando ao PSD que “não é tarde demais para dar um passo atrás”.

Susana Valente, ZAP //

 

4 Comments

  1. É mesmo triste e lamentável que em pleno século XXI se admitam retrocessos civilizacionais onde o que importa apenas é estar no poder e a qualquer custo! Tenho memória e lembro-me bem do mal que nos fez a governação passista e deste monteNEGRO que também lá estava. Estes comigo não contam para nada.

    • Realmente é lmentável ver que existe ainda gente sem cerebro que apoia politicas falhadas e corruptas . È lamentavel ver que ainda culpam o Passos Coelho por causa da troika e do apertar do cinto e esqueçam que quem provocou essa situação foi o partido mais corrupto do país, o PS. Realmente o povo tem aquilo que merece, o SNS a cair de podre, os impostos e custo de vida a aumentar, a parasitagem a ser cada vez maior. Nunca este país irá para a frente com gente desta a apoiar corruptos, mas a culpa é dp Passos claro, qualquer dia a culpa será de D: Afonso Henriques.

    • Tenho memória e lembro-me bem do mal que nos fez a governação Sócrates e deste Costa que também lá estava. Deram-nos a bancarrota e a troika e tivemos que pagar bem pago. E continuam a roubar, estes ladrões.

  2. É acabar com hipocrisias. O PSD tem razão em não contestar o Chega visto que se quer, no futuro, ser governo, precisará dos votos da IL e do Chega. Portanto, Montenegro, ao contrário do ambíguo Rui Rio, está no caminho certo.

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