Numa eleição surpreendente, os Democratas Suecos conseguiram uma votação recorde, afirmando-se pela primeira vez como segundo maior partido do país, com oportunidades de integrar novo governo. Mas quem são eles e o que representam?
Depois da eleição histórica de Magdalena Andersson em 2018, que se tornou na primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra na Suécia, as mais recentes eleições legislativas ditaram o regresso da direita ao poder e a derrota dos sociais-democratas, esperando-se a formação de uma coligação do Partido dos Democratas Suecos, Partido Moderado, Democratas Cristãos e Liberais.
Perante estes resultados, Andersson já assumiu a derrota e apresentou a sua demissão por ter perdido as eleições. O bloco formado por três partidos de direita e o partido de extrema-direita Democratas Suecos tem “uma pequena maioria, mas, no entanto, uma maioria”, declarou a chefe do Governo demissionária.
Dada a tradição social-democrata e progressista nos países escandinavos, como é que esta derrota da esquerda aconteceu e, principalmente, o que explica a ascensão da extrema-direita?
O partido nacionalista e anti-imigrantes Democratas Suecos tem agora de se juntar à uma coligação para que a direita consiga governar o país — e um olhar sobre as origens e trajetória do partido dão algumas respostas sobre o seu crescimento.
Vitória da direita no horizonte
No domingo, a Suécia realizou eleições parlamentares. Com mais de 99% dos votos apurados, um vencedor ainda não foi declarado. As sondagens à boca de urna na noite de domingo indicaram inicialmente a vitória da coligação de centro-esquerda liderada pelos social-democratas, que estão no poder desde 2014.
Mas, à medida que a apuração progride, uma vitória do bloco de direita – composto pelo Partido Moderado, os Democratas Cristãos (KD), os Liberais e pelo populista de direita Democratas Suecos – está à vista, com quase 49,7% dos votos.
Atualmente, os Democratas Suecos são o segundo partido mais forte, ganhando 20,6% dos votos, no melhor desempenho eleitoral de sua história. Isso torna-os o maior partido da direita, à frente do Partido Moderado, que ficou em terceiro lugar com 19,1%.
A origem dos Democratas Suecos
Fundado em 1988, o partido Democratas Suecos unificou vários elementos da cena de extrema direita da Suécia, incluindo fascistas e militantes do movimento da supremacia branca.
Alguns deles também tinham ligações com movimentos abertamente neonazis“, diz Johan Martinsson, professor de ciência política da Universidade de Gotemburgo, na Suécia.
Por volta de meados dos anos 90, no entanto, a nova liderança do partido denunciou publicamente o nazismo. “Gradualmente, o partido começou a normalizar e banir o racismo absoluto”, explica Martinsson, que escreveu um extenso artigo sobre o partido. Membros abertamente extremistas foram expulsos, e a plataforma foi remodelada.
Mas, de acordo com Bulent Kenes, ex-editor de um jornal turco perseguido que vive na Suécia em busca de asilo desde 2016, “eles mantêm uma agenda oculta“. Ele acredita que o partido apenas colocou um rosto de compaixão na sua ideologia neonazi, para torná-la mais socialmente aceitável.
Uma cara nova na liderança do partido
Em 2005, o atual líder do partido, Jimmie Akesson, passou a liderar. Com apenas 26 anos na época, o ex-membro do Partido Moderado afastou a imagem dos Democratas Suecos das suas raízes de extrema-direita, levando-o numa direção mais populista.
Paralelamente a outros movimentos populistas de direita, o partido procurou projetar-se como um “defensor das ‘pessoas comuns’ contra uma elite corrupta no auge de uma recessão global”, como escreveu a académica Danielle Lee Tomson em um artigo sobre a ascensão dos Democratas Suecos.
Como parte do seu esforço para projetar uma imagem mais suave, o logótipo do partido também foi alterado: da bandeira sueca representada como uma tocha flamejante, para uma flor nas cores da bandeira sueca, amarelo e azul.
O partido estreou-se em 2010 no Riksdag, o Parlamento sueco, quando conquistou quase 6% dos votos. Mas lutou para ganhar força e foi considerado um pária na construção de coligações.
Isso mudou após a crise migratória de 2015, que preparou o terreno para que os Democratas da Suécia fossem mais aceites como possíveis parceiros pelos partidos tradicionais do país.
Em grande parte devido à guerra civil na Síria, a Europa enfrentou uma onda de refugiados maioritariamente muçulmanos em 2015. Ao longo de um ano, 1,3 milhão de pessoas fugiram para a Europa. A Suécia acolheu cerca de 163 mil requerentes de asilo (a Alemanha acolheu cerca de 1 milhão). Naquele ano, a Suécia teve o segundo maior número de pedidos de asilo per capita na Europa, depois da Hungria.
O cientista político Martinsson vê isso como um fator importante para o partido ganhar força. “A principal razão para o sucesso do partido na última década foi o número excepcionalmente alto de requerentes de asilo na Suécia e a demografia em rápida mudança em termos de etnia e proporção de cidadãos nascidos no exterior”, explica à DW.
Com a imigração como tema principal nas eleições suecas de 2014 e 2018, os Democratas Suecos capitalizaram com essa preocupação.
O jornalista turco Kenes, que escreveu um amplo perfil do partido, diz que a defesa da “alma sueca” feita pela sigla vem dando resultados. “Especialmente as pessoas menos instruídas sentem-se ameaçadas pela mão de obra barata dos imigrantes”, avalia. “Eles acham que os sociais-democratas [do governo] não estão mais a representar os seus interesses.”
A violência criminosa cada vez mais visível e a atividade de gangs também estão a desempenhar um papel na ascensão dos Democratas Suecos. O partido mais que duplicou a sua votação nas eleições de 2014, ganhando cerca de 13% dos votos.
Em 2018, essa parcela passou para 18%. Quando o Partido Moderado, de centro-direita, concordou em cooperar com os Democratas Suecos em 2019, isso abriu caminho para uma eventual participação da sigla no governo.
“É surpreendente para mim vê-los como o segundo maior partido nessas eleições”, reconhece Kenes, considerando que os Democratas Suecos perderam terreno durante a pandemia, à medida que os eleitores se voltaram mais para os partidos estabelecidos.
Além da questão da imigração, os efeitos económicos da covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia contribuíram para aumentar a popularidade do partido, principalmente entre a classe trabalhadora. Mas o especialista não acredita que todos os eleitores dos Democratas Suecos compartilhem da ideologia nacionalista do partido, mas sim que estão a “reagir à inflação e à deterioração económica“.
O que defende o partido?
Já o cientista político Martinsson define os Democratas Suecos como “principalmente um partido anti-imigração com uma ideologia nacionalista”, mas evita descrevê-lo como de extrema direita ou radical. “Em termos económicos, o partido é mais centrista e pragmático, com uma mistura de propostas de esquerda e de direita”, explica Martinsson.
O jornalista Kenes, no entanto, continua convencido de que o partido é uma ameaça à democracia e aponta para um levantamento recente indicando que 214 candidatos do Democratas Suecos que concorreram nas últimas eleições podem estar ligados ao extremismo de direita.
Os Democratas Suecos almejam zerar o número de solicitantes de refúgio, além de defenderem sentenças de prisão mais longas e o uso mais amplo da deportação. O partido também tem uma postura eurocética.
“A Suécia tem sido um grande país, um país seguro, um país de sucesso – e pode ser tudo isso novamente”, disse Akesson durante um um comício em Helsingborg no início deste mês, de acordo com o site ao Politico. “É hora de nos darem a oportunidade de tornar a Suécia grande novamente“, acrescentou.
ZAP // DW
Como é que se explica?
Perguntem as jovens que foram violadas nos últimos anos.
Os recentes motins na cidade de Malmo também ajudam a explicar o sentimento dos Suecos relativamente a politicas assumidas na ultima década.
29 explosões em 2019 e 50 tiroteios. Isto tudo apenas num cidade – Malmo – cheia de “no go zones”
Chamem-lhes pessoas menos instruídas para ver se cola cá com o Chega e os votantes se afastam. Eu tenho um curso superior de engenharia e Viva o Chega.
Extrema direita??? O querido jornalista já viu fascistas a marchar nas ruas da Suécia?
Ahh, já percebo. Extrema direita significa todos que questionam a atitude suicida da União Europeia que não respeita fronteiras e nações e está a fazer reconhecidamente uma grande experiência sóciodemográfica.
Ou seja, todos os políticos que tentam resolver primeiro o problema do seu pais, é nacionalista, nazi, extremista, populista.
Basta ver o que está a acontecer na Suíça. Jovens degolados por não terem obedecido a Islão. Mulheres esfaqueadas por não querem continuar o seu relacionamento com o parceiro recém-vindo do terceiro mundo. E é proibido falar disso. Quem fala disso é chamado “xenofóbico”. 🙁
Continuo a achar que é melhor incentivar as pessoas desses países de muitos migrantes a reproduzirem-se menos. Afinal não há empregos para todos no país deles, nem comida para todos e eles continuam a reproduzir-se exageradamente.
Tamos lixados. Com as extremas -direitas a aparecerem por aí, ainda vai aparecer um novo hitler no meio delas. Quem será que as extremas direitas vão perseguir agora?
Em Paris e em França também existem bairros sociais onde a policia não entra.. O estranho é que quem vive nesses bairros são pobres e reproduzem-se exageradamente. Os ricos que são ricos reproduzem-se pouco.
Se a esquerda não fizesse a porcaria que tem feito……. e extrema direita???? Isso é conversa de extrema esquerda e dos jornais de extrema esquerda….Esquecem-se que as pessoas já não são tão incultas como eram dantes e que estão a ver os comunistas pelo que eles realmente são…!! Prepotentes, Autoritários e Tirânicos como se viu pela abordagem em muitos países á questão do Covid, já para não falar da questão da insegurança que reina por toda a Europa com a entrada de toda a gente em nome do bom samaritanismo…!!!