Chega falha terceira eleição para a vice-presidência da AR. Apoio do PSD gera mal-estar

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Tiago Petinga / Lusa

O deputado do Chega, André Ventura.

O Chega voltou a não conseguir eleger o seu candidato ao lugar de terceiro vice-presidente da Mesa da Assembleia da República. O deputado Rui Paulo Sousa precisava de 116 votos a favor, mas só recebeu 64.

Rui Paulo Sousa, que é vice-presidente da bancada do Chega, secretário-geral do partido e coordenador da Comissão de Ética, recebeu ainda 137 votos brancos e 12 nulos, num total de 213 votantes, informou o Público.

O líder do Chega, André Ventura, considerou tratar-se de um “boicote vergonhoso” ao Chega, o “maior boicote da Europa ocidental” a um partido, tendo acusado o PS de ser “o partido responsável” pelo chumbo, contrariando a vontade dos portugueses que votaram no Chega.

Já o socialista Eurico Brilhante Dias defendeu que foi uma “eleição livre e democrática” e os “120 socialistas votaram com as suas convicções e com o mandato que lhes foi dado pelos eleitores. Nele não estava qualquer boicote mas uma linha vermelha para todos aqueles que são contra a democracia e o sistema democrático”.

“Somos 120 responsáveis. (…) Entre nós e a extrema-direita antidemocrática há uma linha vermelha que jamais iremos trespassar”, disse. “Connosco, não passarão”.

O líder da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, lembrou que o seu nome também já foi chumbado porque o PS não o apoiou e pediu esclarecimentos a Brilhante Dias sobre a “justificação política”. “Se o candidato da IL teve 110 votos foi porque a larga maioria dos votos veio desta bancada. Eu próprio votei em vossa excelência”, replicou Eurico Brilhante Dias, desafiando Cotrim Figueiredo a apresentar candidato.

Fora do plenário, Eurico Brilhante Dias criticou o PSD e disse que este é um “dia particularmente triste para a democracia” porque um partido “fundador” do regime democrático “deu aos seus deputados uma orientação de voto positivo na extrema-direita anti-democrática” que faz “discursos xenófobos e racistas”.

“Ficou o PS e a esquerda parlamentar a defender a democracia e alguns deputados do PSD que não seguiram a orientação de voto”, frisou.

O PSD tinha enviado esta quinta-feira de manhã um email aos deputados a apelar ao voto no candidato apresentado pelo Chega. A posição foi concertada entre o líder parlamentar, Joaquim Miranda Sarmento e o presidente do partido, Luís Montenegro.

Em março deste ano, no arranque da legislatura, o Chega viu chumbados dois candidatos à vice-presidência – primeiro Diogo Pacheco de Amorim e depois Gabriel Mithá Ribeiro. Nessa altura, o anterior líder do PSD, Rui Rio, deu liberdade de voto aos deputados.

ZAP //

2 Comments

  1. Se o PSD não se demarcar rapidamente do Chega pode esquecer a hipótese de ser governo; há muitos eleitores para os quais essa é uma posição de princípio: votar em partidos que defendem os valores democráticos. Ainda não aprenderam a lição com a maioria absoluta do PS? A continuar assim os eleitores descontentes com o PS mas que não querem correr o risco de ver André Ventura a integrar qualquer governo, vão votar BE, IL ou mesmo PCP .

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