Primeiro-ministro, presente na cimeira do G20, avisa que os princípios não encaixam com o que se vê no terreno, na guerra.
O primeiro-ministro escusou-se esta segunda-feira a comentar diretamente a autorização dada por Washington à Ucrânia para utilizar armas norte-americanas de longo alcance contra a Rússia, dizendo estar sobretudo preocupado com mecanismos diplomáticos para a paz.
À margem da cimeira do G20, Luís Montenegro mostrou estar preocupado: “Mais do que comentar essa posição dos EUA, aquilo que me hoje preocupa mais é que nós não estamos a falar da paz, não estamos a falar do mecanismo diplomático que tem de se colocar em cima da mesa”, afirmou, salientando que quer Estados Unidos, quer Rússia, quer União Europeia estão sentados à mesma mesa na reunião do G20.
O primeiro-ministro frisou que, para que seja possível a paz, “é preciso valorizar o direito internacional, o direito humanitário”, nomeadamente através da reforma das Nações Unidas, como defendeu na última Assembleia Geral desta organização, em setembro.
“Nós não podemos continuar a ter a Organização das Nações Unidas bloqueada por um Conselho de Segurança onde alguns dos países que têm uma representação permanente estão presos ao seu próprio interesse e portanto a bloquear qualquer solução, inclusivamente de concretização de decisões do próprio Conselho de Segurança e da Assembleia Geral das Nações Unidas”, defendeu.
Questionado se sentiu coesão e convergência nos países participantes na reunião do G20, que junta as principais economias do mundo, respondeu positivamente.
“Acho que nos princípios houve uma grande confluência e convergência de posições. Eu diria que até a intervenção da Federação Russa desse ponto de vista, no que diz respeito exclusivamente ao objetivo de podermos ter maiores oportunidades para os países em desenvolvimento, de combater a fome, de combater a pobreza, desse ponto de vista também foi um contributo de assinalar”, afirmou.
No entanto, assinalou, essa posição é depois contraditória com a situação no terreno “nomeadamente no caso da responsabilidade direta da Rússia com a invasão da Ucrânia”, onde se verificam “alguns obstáculos que contendem com esse objetivo”, lamentou.
O primeiro-ministro participa esta terça-feira no último dia da cimeira do G20 no Rio de Janeiro, que Portugal integrou pela primeira vez como observador a convite da presidência brasileira, encontrando-se ao final do dia com a comunidade portuguesa.
Luís Montenegro participa na terceira e última sessão de trabalho da reunião de chefes de Estado e de Governo, sobre desenvolvimento sustentável e transição energética, depois de, no primeiro dia, as discussões terem estado centradas na inclusão social e na reforma das instituições de governação global.
ZAP // Lusa
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