Ginés Gonzáles Correia demitiu-se depois de se saber que guardou 3000 doses da vacina Sputnik V para seu uso discricionário. Agora, o escândalo político pode afetar o Presidente Alberto Fernandéz.
A notícia de que o ministro da Saúde da Argentina, Ginés González García, tinha um “centro de vacinas VIP” ao lado do seu gabinete e que reservou 3000 doses da Sputnik V para vacinar pessoas à sua escolha provocou um escândalo político e mesmo com a demissão deste, o caso pode atingir o Presidente, Alberto Fernandéz.
Agora, está a decorrer uma investigação para determinar outras irregularidades na distribuição dos imunizantes contra a covid-19, avança o Público.
“Foi com dor que lhe exigi a renúncia. Ginés era um grande ministro, e ainda por cima, gosto dele”, disse o Presidente ao jornal Pagina 12, contudo considera que “o que fez é imperdoável”.
Em Fevereiro, Beatriz Sarlo, professora e ensaísta, disse que lhe tinha sido oferecida uma “vacina por baixo da mesa”, mas que a tinha rejeitado.
Após a revelação, vários jornalistas argentinos tentavam descobrir de onde teria vindo a oferta. O jornalista que acabou por esclarecer o assunto foi, no entanto, um que fez parte do clube de privilegiados. Horacio Verbitsky disse na rádio que tinha sido vacinado no dia anterior, esclarecendo que o ministro da Saúde, seu “velho amigo”, lhe tinha arranjado uma vaga na sede do Ministério.
No seguimento do caso acabou por se descobrir que o ministro tinha um stock de 3000 vacinas com que foram sendo vacinados políticos, familiares, e amigos, entre eles o sindicalista, milionário e presidente do clube de futebol Independiente Hugo Moyano.
O procurador Guillermo Marijuan apresentou uma queixa-crime contra o ministro, o jornalista e “outras pessoas” por possível delito de prevaricação e exigiu a lista de pessoas vacinadas de forma irregular. “Trata-se de uma ação de grande gravidade institucional”, declarou.
Na Argentina, as vacinas foram dadas com prioridade aos profissionais de saúde, e apenas a semana passada abriram vagas para os maiores de 80 anos, que têm primeiro de se registar numa página de Internet e esperar ser chamados, diz a BBC.
Este foi o segundo grande escândalo com vacinas na América Latina, depois de no Peru se ter descoberto que o antigo Presidente Martín Vizcarra e a mulher, Maribel, tinham sido vacinados com a vacina chinesa Sinopharm, aproveitando um ensaio clínico.
Coronavírus / Covid-19
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