“É inédito”. Ministra põe na gaveta leis aprovadas contra viciação de processos

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Estela Silva / Lusa

A ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro

Catarina Sarmento e Castro assumiu que não ia regulamentar duas leis aprovadas há mais de um ano para prevenir a viciação de processos judiciais.

A ministra da Justiça anunciou que não vai regulamentar duas leis, aprovadas na Assembleia da República e já publicadas em Diário da República há mais de um ano, cujo objetivo era prevenir a manipulação no sorteio de processos judiciais.

“O Ministério considera que há aqui um espaço para melhorar esta forma de o fazer. Portanto, está a trabalhar numa alteração que virá propor ao parlamento”, assumiu Catarina Sarmento e Castro.

Contactado pelo Diário de Notícias, o gabinete da ministério da Justiça confirmou que o Governo “tem estado a avaliar a oportunidade de revisitar algumas soluções”. O objetivo é “implementar, o quanto antes, os mecanismos reforçados de controlo da distribuição eletrónica dos processos judiciais”.

Apesar da urgência da ministra da Justiça em tornar o processo mais transparente, a realidade é que as duas leis publicadas em Diário da República estão paradas há mais de um ano.

Em causa estão as leis 55/2021, de 13 de agosto, e 56/2021, de 16 de agosto, resultantes de projetos do PSD. Na altura, o PS tinha votado contra, mas como não tinha maioria absoluta no Parlamento, as leis acabaram por avançar. Todos os restantes partidos votaram a favor.

Estas leis obrigam a que todos os juízes sejam incluídos na lista a sortear; presença obrigatória do Ministério Público; presença de um representante da Ordem dos Advogados “sempre que possível” e do mandatário judicial sempre que as partes o queiram; e obrigação de documentar as operações de distribuição.

Os diplomas tinham 30 dias para serem regulamentados e a então ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, até chegou a assinar um despacho. No entanto, como sublinha o Diário de Notícias, nada aconteceu.

“De que está à espera senhora Ministra?”, questionou a deputada social-democrata Mónica Quintela. “O mercadejar da Justiça é do mais vil que se pode imaginar”.

“Este é o cerne da Operação Lex, ou seja, o sistema, como está, permite que sejam escolhidos os juízes que se queiram para determinados processos. Mesmo na distribuição eletrónica. É muito grave e a Ministra da Justiça disse, que não vai regulamentar as leis aprovadas na Assembleia da República e que vai apresentar uma proposta diferente!”, disse Quintela em declarações ao matutino.

“É inédito um ministro dizer que se recusa a regulamentar leis aprovadas na Assembleia da República. É horrível o que está a acontecer! Mesmo com a Operação Lex em curso e com todos os problemas públicos oriundos na distribuição de processos na Operação Marquês”, acrescentou.

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9 Comments

  1. Ora até que enfim que encontramos uma justificação para a tal ‘lei da paridade’.
    É uma mulher (ministra) a fazer aquilo que nenhum homem antes (ministro) tinha feito: ‘dar uma nega’ na regulamentação de leis aprovadas! Assim sim, começo a entender porque vale a pena colocar nestes altos cargos governativos mulheres em vez de homens. É que até aqui eu julgava que só deviam exercer funções governativas ‘seres humanos’ competentes, sérios, com um percurso profissional ou académico de relevo, com sentido de serviço público e sentirem a honra de o fazerem, independentemente dos cromossomas que tinham.

  2. Se ainda não entramos, estamos mesmo a chegar ao regime do Maduro.
    Veja-se: um miúdo acabado de se licenciar em Direito para Adjunto da Ministra da Presidência, o Secretário de Estado Miguel Alves com as suas vigarices, a Ministra que se nega a cumprir as Leis aprovadas na AR, o lote de Ministros com as suas incompabilidades, etc, etc..
    Sr Presidente da Republica de uma vez por todas em vez de falar por tudo e por nada, ponha ordem no Governo que nos desgoverna.

  3. A justiça está podre, foi capcturada, só não vê quem não quer.

    Estes trafulhas ao mais alto nível nomeados por António Costa, pensam que são os donos disto tudo, fazem o que querem!
    Existe um processo criminal em curso, em que a queixa recai sobre dois juízes, um presidiu ao julgamento (tt) não assinou as respectivas actas das audiências de julgamento, nem a Meritíssima que procedeu à assinatura desses documentos( actas) compareceu a qualquer uma das citadas Audiências.

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