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Ministra da Saúde copiou partes de curso inglês num relatório académico

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Manuel de Almeida / Lusa

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins

Ana Paula Martins terá plagiado partes da estrutura do programa de um curso de uma Universidade inglesa no relatório de licença sabática que apresentou na Universidade de Lisboa. Apesar disso, o relatório foi aprovado – se tivesse sido reprovado, teria que devolver o salário.

A ministra da Saúde Ana Paula Martins está envolvida numa polémica devido a um alegado plágio. Em causa está o relatório de licença sabática que apresentou na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa em 2023.

O jornal Público teve acesso às actas do Conselho Científico da Faculdade que mencionam “inconformidades” relevantes no relatório, chegando a concluir que este é uma “transposição de um programa pedagógico já existente numa universidade inglesa”.

Apesar disso, o relatório académico foi aprovado e Ana Paula Martins não foi sequer ouvida para explicar as alegadas “inconformidades”, não tendo, portanto, qualquer hipótese de as rebater.

Deste modo, fica em causa o processo de avaliação de relatórios de licença sabática na Universidade de Lisboa.

O que é uma licença sabática?

Tirar uma licença sabática é obter a dispensa da actividade profissional habitual. No caso da docência, os professores podem obter essa dispensa por um determinado período para se desenvolverem enquanto docentes, para apostar na formação, por exemplo.

Após esse período de licença sabática, precisam de apresentar um relatório onde fazem, no fundo, uma demonstração dos resultados obtidos com o projeto desenvolvido.

No caso de Ana Paula Martins, a agora ministra propôs-se a apresentar “um plano curricular estratégico para a concretização do programa de formação avançada em Farmacoepidemiologia” na Universidade de Lisboa.

Para isso ter-se-á baseado num curso da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres que frequentou entre 2020 e 2022.

O problema é que, segundo o Público, a estrutura e os objetivos da formação que propôs eram praticamente idênticos aos do curso inglês.

A reprovação do relatório teria obrigado Ana Paula Martins a devolver o vencimento, e a repor a licença sabática, durante o período respetivo.

Ministra desconhecia actas com “inconformidades”

A ministra mencionou a frequência do curso em Londres no seu relatório, mas não fez citações ou referências a qualquer transcrição dos seus conteúdos, aponta ainda o jornal.

Contactada pelo Público, Ana Paula Martins disse que não conhecia as actas que apontam os problemas no seu relatório até ser contactada pela imprensa em Março de 2024.

Depois de o jornal lhe ter enviado as actas, a ministra “não respondeu a nenhuma das questões colocadas”, sustenta ainda o jornal.

A governante também não cedeu o relatório para que o jornal pudesse avaliar a extensão das “inconformidades” citadas pelo Conselho Científico.

A Faculdade de Farmácia acabou por divulgar o documento, mas só depois de uma decisão da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos.

ZAP //

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6 Comments

  1. E se deixassem os profs em paz com essa m**** de terem de publicar artigos a toda a hora? Palavreado oco que não leva a lado nenhum. Se copiou fez muito bem. Eles copiam-se uns aos outros. Já lá dizia o Dalí: “Copiem, copiem, sempre surgirá algo de novo!”

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