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Ministério Público quer Jorge Jesus a testemunhar contra Rui Pinto

Hugo Delgado / Lusa

O Ministério Público (MP) quer que o treinador português Jorge Jesus testemunhe em tribunal contra o “pirata informático” Rui Pinto, que esta semana deixou a prisão domiciliária com a obrigação de se apresentar semanalmente à PJ.

De acordo com o Público, a procuradora Marta Viegas requereu, no início do mês de agosto, a audição de Jorge Jesus, bem como dos técnicos da formação do Sporting Paulo Nunes e Filipe Çelikkaya, no âmbito do julgamento de Rui Pinto.

A acusação do MP sustenta que os três foram vítimas das alegados ataque informáticos perpetrados por Rui Pinto através dos servidores do Sporting Clube de Portugal.

Jorge Jesus, à época treinador dos leões, terá visto o seu e-mail a ser acedido a 21 de julho de 2015, o mesmo dia em que o “pirata informático” terá entrado também na conta do então presidente do Sporting, Bruno de Carvalho.

Paulo Nunes e Filipe Çelikkaya também terão sido espiados por Rui Pinto.

O Público, que avança a notícia esta terça-feira, recorda que os detalhes contratuais de Jorge Jesus no Sporting, depois de ter deixado o Benfica, foram uma das revelações de maior relevo no site do Football Leaks que, dias antes, tinha revelados outros contratos alegadamente firmados entre o Sporting e o clube angolano Recreativo de Caála.

Franco Cervi, Danilo Pereira e Mitroglou foram alguns dos nomes envolvidos.

Julgamento arranca a 4 de setembro

O julgamento de Rui Pinto, que começa em 4 de setembro, terá apenas 10 lugares disponíveis para o público, seis dos quais destinados a jornalistas e quatro para familiares dos arguidos, determinou a presidente do coletivo de juízes.

Num despacho, a que a Lusa teve, a juíza Margarida Alves lembra que, à limitação do número de lugares disponíveis na sala de audiência, acrescem “as limitações próprias decorrentes da situação de contingência” devido à pandemia, as quais “impõe um conjunto de regras” quanto à assistência do julgamento, que vai decorrer na sala 1 do piso 6 do Tribunal Central Criminal de Lisboa, “uma das de maior dimensão” no Campus da Justiça.

“Assim, e tendo em conta as aludidas circunstâncias, resulta que a referida sala tem disponíveis para assistência do público, isto é, para quem não sendo sujeito processual, queira assistir às sessões de julgamento (seja ou não representante da comunicação social), um total de 10 lugares”, diz o despacho, com data de (após as 17:30) de sexta-feira, dia em que a juíza Margarida Alves ordenou a libertação de Rui Pinto.

Dos 10 lugares para o público, o tribunal decidiu que quatro fiquem reservados para familiares dos arguidos Rui Pinto e Aníbal Pinto, que será julgado por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen, e os restantes seis serão para jornalistas, os quais poderão também sentar-se nos lugares destinados às “pessoas próximas dos arguidos”, caso não estejam ocupados.

O tribunal diz ainda que não vai permitir a captação de qualquer imagem ou som dentro da sala de julgamento.

Julgado por 90 crimes

Rui Pinto começa a ser julgado em 4 de setembro por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen. Estão agendadas, em média, três sessões por semana.

Aníbal Pinto, advogado de Rui Pinto à data dos factos e que será julgado pela tentativa de extorsão [em outubro de 2015] de entre 500.000 euros a um milhão de euros ao fundo de investimento Doyen, é o segundo arguido no processo.

Rui Pinto, criador da plataforma Football Leaks e responsável pelo processo Luanda Leaks, em que a Isabel dos Santos é a principal visada, saiu na sexta-feira em liberdade, por decisão da juíza Margarida Alves, encontrando-se agora inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial, por questões de segurança.

O MP opôs-se à libertação, que foi justificada pela juíza Margarida Alves com a “contínua e consistente colaboração” com a Pj e o “sentido crítico” do criador da plataforma Football Leaks. No início de junho, o Tribunal da Relação de Lisboa negou provimento ao recurso do MP e manteve a decisão instrutória, proferida em 17 de janeiro, que pronunciou (levou a julgamento) Rui Pinto por 90 crimes e não pelos 147 que constavam da acusação do MP.

Em setembro de 2019, o MP acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

ZAP // Lusa

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