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“Cobardia, engano, perversão“. Militares franceses voltam a atacar Macron

Stephane Mahe / EPA

O presidente francês, Emmanuel Macron

Nova carta aberta alerta para o perigo de uma guerra civil em França. “Trata-se da sobrevivência do nosso país, do vosso país”, escrevem os signatários.

Os militares que há três semanas assinaram uma carta aberta a avisar os dirigentes políticos para os riscos de uma “guerra civil” em França voltaram a publicar uma nova missiva em que acusam o governo liderado por Emmanuel Macron de “cobardia”.

A carta foi publicada na revista de direita Valeurs Actuelles e na segunda-feira à tarde já contava com mais de 150 mil signatários.

“Cobardia, engano, perversão. Esta não é nossa visão da hierarquia. Pelo contrário, o exército é, por excelência, o lugar onde falamos a verdade uns com os outros, a quem comprometemos a nossa vida. É a esta confiança na instituição militar que apelamos”, pode ler-se na carta.

“Ajam, senhoras e senhores. Desta vez, não se trata da procura da emoção fácil, de fórmulas feitas ou de mediatização. Não se trata de prolongar os vossos mandatos ou de conquistar novos. Trata-se da sobrevivência do nosso país, do vosso país”, escrevem os autores do texto, dirigido ao Presidente da República, aos membros do governo, aos deputados e às chefias das forças armadas.

Contudo os autores preferiram manter-se em anonimato, o que é justificado pelo facto de terem entrado recentemente na carreira militar, escreve o Público.

A primeira carta publicada foi denunciada pelo Governo de Macron e pelos partidos de esquerda, com a exceção a vir da extrema-direita, do partido de Marine Le Pen.

Há cerca de três semanas, a ministra da Defesa, Florence Parly, pediu mesmo que os autores da carta fossem alvo de sanções. “Estas ações são inaceitáveis… Naturalmente, haverá consequências”, disse a ministra.

No entanto, a segunda carta rebateu as ameaças de punição e lançou um ataque total ao Governo, acusando-o de “atropelar” a honra dos veteranos e “manchar” a sua reputação.

“Para discutir a forma da tribuna dos nossos anciãos em vez de reconhecer a evidência das suas descobertas, é preciso ser cobarde. Para invocar um dever de reserva mal interpretado com o objetivo de silenciar os cidadãos franceses, é preciso ser muito enganador. Para encorajar os oficiais superiores do exército a tomar uma posição e se exporem, antes de os punir ferozmente assim que escrevem outra coisa que não são relatórios de batalha, é preciso ser bastante perverso”, escrevem os militares, numa crítica direta a Emmanuel Macron e ao seu executivo.

Tal como na primeira carta, os signatários alertam para o perigo iminente de um conflito violento e, mais uma vez, o Islão é o alvo escolhido.

A resposta à segunda não tardou, pela voz do ministro do Interior. “É essa a coragem, ser anónimo?”, afirmou Gérald Darmanin em declarações à BFM-TV.

A nova carta dos militares mereceu também a condenação de François Hollande, antigo Presidente da República.

“É preocupante que a Valeurs Actuelles ​​faça uma petição sem assinaturas, ou seja, sem saber quem faz estas acusações e defende esta linha de pensamento”, disse à France Inter.

ZAP //

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