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Milhares de ossos de várias espécies encontrados numa caverna na Arábia (e já se sabe quem foi o culpado)

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Um equipa de cientistas encontrou uma enorme coleção de ossos pertencentes a várias espécies no fundo de um antigo tubo de lava no noroeste da Arábia Saudita.

Ao analisar os ossos, os investigadores perceberam que centenas de animais, e até humanos, tinham sido o alimento de uma espécie faminta que passou pelo local, sendo que rapidamente perceberam quem poderiam ter sido os causadores daquele cenário.

Entre as vítimas estavam cavalos, burros, lobos, raposas, ovelhas, camelos, cabras, gazelas e até humanos. A datação por radiocarbono revelou que alguns dos ossos têm quase 7.000 anos de idade, mas outros são mais jovens, o que indica que foram sendo adicionados ao longo de vários milénios.

Em conjunto, os especialistas perceberam que as hienas seriam o animal mais provável de atacar todas aquelas espécies, já que se carateriza por ser “um acumulador de ossos muito ávido”, referiu Mathew Stewart, um zooarqueólogo do Instituto Max Planck para o Estudo da História Humana, ao Gizmodo.

Embora as hienas sejam, atualmente, uma espécie ameaçada na Arábia Saudita, costumavam ser uma presença assídua nos campos de lava no noroeste do país e permaneceram na região durante a maior parte da época do Holoceno, da qual todos os ossos no tubo de lava datavam.

O tubo de lava, de quase um quilómetro de comprimento, já havia sido descoberto no início deste milénio, mas os investigadores tiveram receio de se aventurar até às suas profundezas.

Agora, o principal objetivo da equipa passa por descobrir de que forma o grande número de ossos – que representam pelo menos 40 espécies diferentes – acabou por se acumular na parte de trás do tubo de lava.

Para já, a equipa tem uma certeza: as hienas são as culpadas. A conclusão foi tirada depois de uma análise a todos os ossos e marcas de dentes.

Segundo Stewart, um sinal claro de que este “trabalho” foi executado por hienas é o facto de existirem vários crânios no local, já que os necrófagos são conhecidos por assaltar sepulturas humanas para obter carne, sendo que, por norma, “é sempre apenas a calota craniana que sobrevive”. O especialista explica que os animais sempre apresentaram pouco interesse em crânios.

Há mais para descobrir

A descoberta acabou por surpreender os investigadores sobretudo pelo material estar “tão bem preservado”, uma vez que “na Arábia não temos restos faunísticos”, destaca Stewart, acrescentando que, normalmente, quando a equipa tem restos para examinar, os ossos estão em condições tão degradadas que não é possível tirar grandes conclusões.

No entanto, agora que esse grande repositório de história animal foi encontrado, a equipa espera extrair mais informações genéticas dos ossos.

Os especialistas também consideram que será possível aprender mais sobre as dietas e migrações dos animais com base em isótopos alojados nos seus dentes.

Por outro lado, a equipa espera saber mais sobre a forma como a população da época vivia. Alguns dos tubos de lava podem ter sido ocupados por humanos em diferentes momentos no passado, o que levanta a possibilidade de vários artefactos culturais poderem ser encontrados ao lado de mais restos de animais, refere o Ancient Origins.

O estudo sobre o trabalho da equipa no local foi publicado no Archaeological and Anthropological Sciences.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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