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Pedras de todas as cores. A metáfora de Tino e o discurso (habitual) de Ventura marcaram um debate pacífico

RTP (dr)

Debate entre os candidatos presidenciais Vitorino Silva e André Ventura

Cada intervenção a seu tempo, em tom morno, voz calma e com ausência de estridências. Foi assim o debate televisivo que marcou a estreia de Vitorino da Silva como candidato presidencial nas eleições de 2021.

Os dois candidatos estiveram num frente a frente esta segunda-feira à noite na RTP3. Ambos se apresentam contra as “elites” e como sendo “fora do sistema”.

Logo nos primeiros minutos do debate, André Ventura já falava em “ir para o Governo” e garantia que “sem o Chega e o PSD não haverá uma maioria de direita”. Pelo meio, aproveitou ainda para trazer ao debate o nome de Passos Coelho.

Vitorino Silva diz que quando o RIR se constituiu partido junto do Tribunal Constitucional “estiveram lá perdidas 2 ou 3 mil assinaturas que depois foram encontradas no mesmo sítio” acusando “quem está com o monopólio de não querer mais concorrência”.

Num debate em que os dois candidatos fizeram um esforço para não se interromperem, tentaram até passar a imagem de alguma sintonia em algumas matérias, como é o caso da redução do número de deputados, a fiscalização e eficácia do Estado.

“Não devia haver tantos deputados, também concordo”, detalha Vitorino Silva sem responder à questão dos refugiados.

No entanto, houve dois temas em cima da mesa que marcaram a diferença de opiniões.

Um desses assuntos foi a polémica sobre a nomeação do Procurador Europeu. André Ventura insiste numa demissão e sublinha que “esta ministra da Justiça não tem espaço para continuar no Governo”, acrescentando que o Presidente da República devia dar “um sinal” ao Governo. O líder do Chega vai mais longe e garante que se fosse o Presidente da República daria um “sinal” ao primeiro-ministro para afastar a ministra.

Para Vitorino Silva, e perante esta situação, aplica-se o provérbio: “Cada macaco no seu galho”. O candidato considera que não é “candidato para mandar nenhum ministro para o desemprego”, considerando que serão os eleitores a julgar o primeiro-ministro.

Uma outra divergência que surgiu a meio do debate entre Vitorino Silva e André Ventura foi a visão sobre a comunidade cigana.

Ventura defende que “há um problema com a etnia cigana que o Estado não quer aceitar que há”. Vitorino Silva interrompe-o e garante que é “mais fácil prender um cigano”. Já tinha dito antes que “os ciganos não são burros, são pessoas” e que “há ciganos que pedem emprego e não lhes dão porque são ciganos”.

André Ventura insiste que “só 18 % dos ciganos vivem do seu trabalho”. Vitorino não desarma e defende que “ainda há um estigma sobre a comunidade cigana.”

O candidato presidencial também conhecido por Tino de Rans diz que “todos são seus adversários” e que é o representante do “povo anónimo que não tem vez nem voz”.

Vitorino Silva inaugurou, aliás, um novo estilo nos debates, ao trazer e colocar em cima da mesa, pedras de várias cores, apanhadas numa praia “muito linda” onde disse ter ido passear para se inspirar para os debates. “O mar traz pessoas de todas as cores”, referiu.

“Na praia vi pedras de todas as cores”, lembra, enquanto retira do bolso quatro. “Uma cor-de-rosa, outra laranja, outra preta, outra branca. As pessoas de todas as cores vêm do mar”.

O presidente do partido RIR, recordou, teve “mais votos há cinco anos (nas presidenciais de 2016) do que o Chega e a Iniciativa Liberal (nas legislativas de 2019)”, uma vez que cerca de 152.094 eleitores votaram em si.

Ana Moura, ZAP //

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