Metade dos portugueses acima dos 65 anos não tem um único dente natural na boca, segundo estimativas da Ordem dos Dentistas, para quem os implantes são um “avanço notável” mas não uma técnica definitiva ou com resultados garantidos.
“É um avanço tremendo da medicina dentária que os implantes possam substituir os dentes naturais quando estes se perdem. A implantologia é um avanço notável, o grande avanço da medicina dentária das últimas décadas”, defende o bastonário Orlando Monteiro da Silva em entrevista à agência Lusa.
Apesar de reconhecer que é cada vez maior a tendência de recorrer aos implantes, em virtude também do envelhecimento populacional, Monteiro da Silva não o encara como uma moda e considera que, “infelizmente”, são tratamentos que não estão ao alcance de todos.
Cada implante dentário colocado pode ir de 1.200 euros até acima dos 5.000, segundo uma ronda feita pela Lusa junto de alguns consultórios e clínicas.
Precisamente por ser uma área recente dentro da medicina dentária, a necessidade de a regular torna-se mais evidente, tendo a Autoridade do Medicamento (Infarmed) criado no mês passado uma comissão para acompanhar os dispositivos médicos (onde se incluem os implantes), os branqueamentos e os medicamentos na área dentária.
A implantologia é aliás uma das áreas que mais queixas motiva junto da Ordem, por envolver tratamentos caros e porque a expectativa dos clientes quanto ao sucesso desta técnica é elevada.
“As áreas da medicina dentária onde a expectativa é maior, como implantologia ou correcção de dentes, são sujeitas a que as pessoas possam fazer queixas quando acham que há má prática”, explica o bastonário.
A Ordem dos Médicos Dentistas reconhece que há abusos na forma como se publicitam os tratamentos com implantes, adiantando que “nada é definitivo e muito menos garantido”.
“A técnica da implantologia, uma espécie de raiz artificial, tem os seus riscos e as suas contraindicações e não é garantida e não é também para a vida inteira, apesar de termos a expectativa de que é duradoura”, sublinha Orlando Monteiro da Silva.
A Ordem actua sobre os médicos dentistas individuais, mas nada pode fazer relativamente a clínicas, empresas ou seguradoras que publicitam os tratamentos com implantes como garantidos ou para durar a vida inteira.
Por isso, o bastonário defende que outras entidades reguladoras deviam agir para que os doentes não sejam enganados por publicidade abusiva, pensando que nuns locais os tratamentos são garantidos e noutros não.
Sobre a qualidade dos implantes, o bastonário garante não ter nunca recebido queixas dos profissionais de saúde e lembra que estes dispositivos têm de obedecer a um conjunto de normas para poderem ser colocados.
De acordo com a Autoridade do Medicamento (Infarmed), não há qualquer notificação de incidente envolvendo implantes dentários no Sistema Nacional de Vigilância de Dispositivos Médicos.
Contudo, no ano passado foi apresentada uma queixa específica sobre um laboratório de implantes dentários e três sobre não notificação da actividade de fabrico destes dispositivos, refere a informação do Infarmed enviada à Lusa.
Segundo a Ordem dos Dentistas, em Portugal, onde a grande maioria dos implantes é importada, os dispositivos têm de obedecer à certificação da Comissão Europeia, que “assegura a qualidade e os requisitos adequados”.
Ao médico dentista cabe certificar-se do cumprimento da marca CE e ainda registar na ficha clínica do doente informação sobre o implante usado, que permite fazer o rastreio das suas características e proveniência caso ocorra algum problema.
/Lusa
É verdade que os implantes são um grande avanço da medicina dentária mas cada pessoa é um caso. Pode haver pessoas que não possam colocar implantes. Cada situação deve ser avaliada, cada caso é um caso.