Médicos medievais provavam a urina dos pacientes para diagnosticar doenças

Science History Institute

“The Medical Alchemist”, de Franz Christoph Janneck

Durante a Idade Medieval, vários médicos provavam a urina dos pacientes para diagnosticar condições médicas, como a diabetes.

A uroscopia — a prática médica de examinar visualmente a urina de um paciente — é usada desde as antigas Roma e Grécia. No entanto, durante a Idade Medieval teve uma importância acrescida. Os médicos da altura não só notavam diferenças na cor e na consistência, mas também no sabor.

À data, examinar diretamente um paciente, despindo-o, era considerado algo socialmente inaceitável. Portanto, diagnosticar possíveis condições médicas através da urina era uma boa alternativa usada pelos médicos.

Uma importante ferramenta usada era a chamada “roda da urina”. Esta era usada para diagnosticar doenças com base na cor, cheiro e sabor da urina do paciente no início do século XVI, como explica a Scientific American.

A roda da urina é um diagrama que associa a cor da urina a uma doença específica. Normalmente, a imagem é constituída por 20 frascos com urina de cores diferentes alinhadas à volta de um círculo — quase como a roda dos alimentos. Cada frasco tem uma linha que o conecta a um resumo de uma determinada doença.

(CC0/PD) Wellcome Collection

Exemplo da roda da urina.

As variações dos cheiros e sabores também são descritas na roda da urina, salienta o portal Ancient-Origins.

O médico inglês do século XVII, Thomas Willis, observou que a urina de um paciente diabético tinha um sabor “maravilhosamente doce, como se estivesse impregnada de mel ou açúcar”.

Foi precisamente Willis quem cunhou o termo ‘mellitus’ (que significa ‘adoçado com mel’) no diabetes mellitus. Aliás, esta condição médica até já foi conhecida como ‘doença de Willis’.

Há mais de 3.500 anos, médicos do antigo Egito e da Índia conseguiam diagnosticar diabetes nos seus pacientes a partir do excesso de açúcar contido na urina. Diabetes foi mesmo uma das primeiras doenças a serem descritas em documentos históricos, escreve o site Amusing Planet.

Outro caso conhecido é o da urina do rei George III, de Inglaterra, que seria roxa. Esta estranha cor pode ter sido um sinal de que sofria de porfiria, um grupo de doenças do fígado que afetava negativamente o sistema nervoso.

No final do século XIX, a análise química começou a ser usada para o exame à urina. Desta forma, a uroscopia e a roda de urina caíram em desuso.

Daniel Costa, ZAP //

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