A “reciclagem avançada” que promete reciclar todo o plástico para sempre

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Duas abordagens tecnológicas revolucionárias prometem converter resíduos plásticos sujos e misturados em plástico novo — uma e outra vez. Trata-se de um passo importante para a criação de uma economia circular e para o combate às alterações climáticas.

Num mundo cada vez mais preocupado com o ambiente, é imprescindível separar o lixo para distinguir os plásticos recicláveis dos não recicláveis.

No entanto, a questão permanece, entre outras: terá a nossa triagem um impacto tangível?

O futuro dos plásticos “não recicláveis”, é incerto e provavelmente sombrio – podendo contribuir significativamente para a poluição ambiental.

De acordo com um estudo de 2017, conduzido por investigadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, 55% de todos os resíduos de plástico, a nível mundial, acabam em aterros ou são simplesmente deitados fora, uns meros 6% são reciclados e o resto é queimado.

A versatilidade dos plásticos e a facilidade de produção do polietileno – o tipo mais abundante utilizado na indústria – evidenciam a complexidade do abandono deste material, apesar das suas repercussões ambientais.

O método tradicional de reciclagem envolve uma triagem e processamento laboriosos que, muitas vezes, degradam a qualidade do plástico, tornando-o inadequado para o uso original.

Pelo motivo supramencionado, a eficácia desta abordagem considera-se limitada, uma vez que a maior parte dos plásticos acaba por ser depositada em aterros ou incineradores.

Abordagens revolucionárias

Eis que surge uma (ou duas) nova(s) esperança(s) de “reciclagem avançada” que promete uma abordagem revolucionária, transformando quimicamente todos os tipos de plásticos usados nos seus estados químicos originais e puros ou mesmo noutros produtos químicos valiosos.

A tecnologia, explica esta segunda-feira o jornalista Graham Lawton num artigo na revista New Scientist, engloba métodos como a pirólise e a gaseificação, e oferece uma solução potencial ao permitir uma verdadeira economia circular em que os plásticos são infinitamente recicláveis sem degradar a sua qualidade.

No fundo, estas técnicas permitem tratar os plásticos de maneira a recuperar os seus componentes químicos básicos, oferecendo a possibilidade de um ciclo de vida quase infinito para os materiais.

Por um lado, a pirólise é um método que aquece o plástico a temperaturas elevadas (acima de 500°C) na ausência de oxigénio. Este processo – em vez de queimar o plástico – decompõe-no quimicamente.

Por seu turno, a gaseificação ocorre a temperaturas ainda mais altas que a pirólise e envolve a conversão total dos resíduos plásticos em syngas – uma mistura de monóxido de carbono e hidrogénio, usados para criar uma grande variedade de produtos químicos e/ou como fonte de energia.

Se estas tecnologias atingirem todo o seu potencial, poderão alterar drasticamente o panorama da reciclagem de plástico, transformando o que atualmente é um poluente num recurso continuamente útil.

No entanto, não estão isentas de desafios.

Este tipo de métodos continua a consumir uma quantidade significativa de energia e continua a libertar subprodutos tóxicos.

ZAP //

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