Mau resultado nas legislativas deixa PAN a ferro e fogo — e com um congresso em vista. Inês Sousa Real acusa André Silva de “oportunismo”

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André Kosters / Lusa

Tribunal Constitucional considerou inválidas as alterações efetuadas na última reunião máxima do partido, pelo que ordenou a realização de um congresso extraordinário para a normalização da situação. 

Nas eleições legislativas de 30 de janeiro, o PAN perdeu cerca de metade dos votos, 84 mil, face ao resultado alcançado em 2019, que lhe permitiu eleger um grupo parlamentar composto por quatro deputados, passando agora a contar apenas com um, ou uma: Inês Sousa Real. O resultado, visto como uma derrota, foi criticado ontem por André Silva, antigo porta-voz do partido, num artigo de opinião publicado no jornal Público, onde também mostrava o seu descontentamento face à estratégia seguida pela atual direção mesmo antes das eleições legislativas serem convocadas.

De acordo com o antigo deputado, “o desaire do passado dia 30 tem, sobretudo, causas internas e inteligíveis“. De acordo com o próprio, “de partido estrategicamente dialogante com o PS, o PAN passou a comportar-se como seu afilhado”, não tendo ficado por aí. “De afilhado nas autárquicas, o PAN passou de porta-estandarte do OE. No encerramento do debate do documento orçamental, assisti a uma intervenção do PAN que sei que alguns deputados do PS não seriam capazes de fazer, ta foi a devoção na defesa do documento e arremessando em direção a tudo o que mexia contra o PS“.

E “depois deste tango com o partido do Governo, e para pasmo de tantos, não passaram muitos dias até que o PAN viesse anunciar que também queria dançar com o PSD“. Isto levou André Silva a concluir que “nesta dança a três inventada pelo PAN, os eleitores acabaram por excluir o elemento mais dúbio“. Perante este cenário, o antigo porta-voz mostra-se disponível para ajudar a reerguer o partido, apesar de ressalvar que tal não significa que venha a assumir novamente a sua liderança. “Estou disponível, como sempre estive, para ajudar o meu partido a reposicionar-se e a reconquistar a credibilidade e a voz política que já teve, caso os afiliados decidam por outra liderança.”

Estes comentários não foram bem recebidos por Inês Sousa Real, a atual porta-voz do partido, que não se mostra recetiva a uma eventual demissão. A dirigente partidária caracterizou ainda o artigo do antigo colega de bancada como “muito oportunístico”. “Acho profundamente lamentável que ele tenha optado por seguir este caminho, que não nos eleva enquanto partido. São declarações que notam um semáforo avariado“, atirou a deputada, em declarações à rádio Observador.

Inês Sousa Real disse não se rever “nesta forma costumeira e até de oportunista” de fazer política e lembrou que ocupa o cargo de porta-voz do PAN apenas há sete meses, depois de André Silva ter saído por motivos pessoais. “Tudo leva o seu tempo, ninguém reconstrói uma casa em sete meses”, recordou. A perda de um eurodeputado nas últimas eleições europeias e de uma deputada face a conflitos entre os dirigentes partidários são também evocados como Inês Sousa Real como momentos menos positivos da vida do partido, durante a liderança de André Silva, e que “obviamente trouxeram danos“.

“É muito fácil vir agora criticar ou comentar depois deste resultado. Difícil é levar o barco e tentarmos reerguer o partido depois de toda a confusão que houve nos últimos anos.”

Depois da troca de argumentos e acusações em público, os dirigentes e militantes do PAN terão uma oportunidade de o fazerem em privado, num congresso que não estava previsto, mas que terá de se realizar depois dos juízes do Tribunal Constitucional terem considerado inválidas algumas das alterações feitas aos estatutos, que foram aprovadas na última reunião máxima do partido e estão relacionadas com o regime disciplinar interno, de acordo com o Diário de Notícias.

ZAP //

1 Comment

  1. A Sra. Inês, que não despreza-se os Talhantes, as Peixarias !, ….o PAN tem todo o meu apoio no que diz respeito da luta contra o mau trato Animal. No que diz respeito, ao abate para consumo ( que é feito ) da forma menos penosa possível e obrigatória por Lei, para os Animais que acabam na nossa Alimentação, nada tem haver com a (Sádica) tortura gratuita cometida por atrasados mentais !………. Desde que , existimos neste Planeta somos por natureza omnívoros, e não será o PAN que me vai proibir o meu bife no prato !……. se levou uma derrota , não é de admirar !

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