O alerta é para os futuros exploradores marcianos: atenção, porque as bactérias que viajam para Marte nos corpos humanos podem sobreviver às duras condições do planeta e, até, prosperar.
Marte é, sem dúvida, um lugar hostil para a vida humana, mas não tanto para os micróbios que vivem em nós.
Uma equipa liderada por Tommaso Zaccaria decidiu analisar como se comportariam alguns micróbios num ambiente marciano simulado e concluíram que, ao que parece, safar-se-iam muito bem.
Segundo o IFL Science, os cientistas colocaram quatro exemplos de bactérias (Burkholderia cepacia, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa e Serratia marcescens), conhecidas por serem causadoras de doenças, num ambiente simulado semelhante ao de Marte, com falta de água, escassa pressão atmosférica, radiação ultravioleta mortal e sais tóxicos.
As conclusões foram curiosas na medida em que as respostas das espécies bacterianas variaram.
B. cepacian, aparentemente, não consegue crescer na presença de perclorato de sódio – comum em salmouras marcianas –, a menos que seja alimentada com glicose, mas o perclorato de sódio não parece incomodar K. pneumoniae.
Perante a falta de água, todas as espécies sobreviveram (pelo menos, até certo ponto) durante dias ou semanas, e tiveram um melhor desempenho quando alimentadas com uma imitação de regolito marciano do que apenas com açúcar.
O teste final foi a resposta a um conjunto de condições peculiares e próprias do Planeta Vermelho: analisar como lidam estas bactérias com a luz, o solo, o ar e a água ao mesmo tempo. S. marcescens, conhecida por infeções do trato urinário e por tornar feridas séticas, parece estar totalmente preparada para este ambiente.
Os patógenos acompanham os seres humanos em cada viajem a Marte, pelo que é expectável que estes cheguem ao solo marciano. Este trabalho, cujo artigo científico foi publicado na Astrobiology, sugere que estes podem crescer sempre que tiverem acesso à água, por mais salgada que seja.
Sem um ecossistema saudável para os controlar, o perigo destes agentes patogénicos infetarem astronautas é elevado, o que representa uma grande preocupação para alguém que está muito longe do hospital.