Marta Temido reconhece “problema estrutural” do SNS, mas culpa pandemia e queda do Governo pelo adiamento de medidas

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José Sena Goulão / Lusa

A ministra da Saúde, Marta Temido

Ouvida no Parlamento a pedido do Chega, Marta Temido admitiu que o Serviço Nacional de Saúde tem “problemas estruturais” que já estão a ser respondidos pelo Governo por via de “um plano e uma visão“, presentes na nova lei de bases da Saúde e na revisão do estatuto do SNS. No entanto, lembrou, este ainda não entrou em vigor porque “houve uma pandemia e a queda do Governo“.

No que respeita à segunda justificação, a ministra da Saúde fez ainda questão de a usar para responder às bancadas do Bloco de Esquerda e PCP, que integravam o coro de críticas ao Governo pelas situações registadas nas últimas semanas nos serviços de obstetrícia e urgências. “Quem nos deixou sozinhoa neste caminho fez as suas escolhas, nós continuamos onde sempre estivemos, a lutar pelo SNS“, atirou.

Este apontamento mereceu de Pedro Filipe Santos, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, uma resposta mais acesa, relembrando a governante de que há muito que o problema é conhecido do Governo. O deputado criticou ainda o recurso a médicos tarefeiros, que, notou, ganham “mais num turno do que um médico do SNS num mês”.

Este foi, precisamente, um argumento que uniu Bloco de Esquerda e PCP e que foi apresentado como justificação para não viabilizarem os últimos Orçamentos do Estado, no caso dos comunistas. “Há muito que o PCP alerta para o caminho perigoso de recorrer a provados e essa foi uma das questões centrais que levou o PCP e a votar contra o OE“.

Do lado da direita, as críticas surgiram sobretudo vindas da bancada do Chega, que começou o debate a sugerir de imediato a saída da ministra e a apontar o dedo ao plano de contingência anunciado pelo Governo esta semana. Paralelamente, André Ventura acusou ainda Marta Temido de ter “andando escondida“. “Não precisamos de mais comissões. Não precisamos de mais tachos, precisamos de ação. Precisamos que seja ministra e que seja capaz de o fazer, ou então ponha o lugar à disposição“.

Já a Iniciativa Liberal repartiu os recados por Marta Temido e por António Costa, que estará no Parlamento na próxima semana. “Se fosse um problema de dinheiro de certeza que já estava resolvido – mas é de concepção e de gestão do sistema”, apontou João Cotrim de Figueiredo.

Já o PSD, pela voz de Rui Cristina, acusou o Governo de “ter acordado tarde” para o problema que vive o SNS e as urgências, quando o PS está no Governo há quase sete anos. “O PS não pode negar as suas enormes responsabilidades pela grave situação em que se encontra o SNS”, afirmou. Fez ainda referência a problemas como a falta de planeamento, o baixo investimento, as más condições de trabalho e a ausência de progressão na carreira.

No final, foi Luís Soares, deputado do PS o responsável por defender a ministra, criticando as restantes bancadas por terem como único objetivo “deitar abaixo a ministra” em vez de estares “ao lado do SNS”.

1 Comment

  1. Se a intenção é de arranjar “desculpas” , então esta situação pode durar in-eternum !……. Pretextos não faltaram , entre outros , será porque está muito calor !

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