Março foi o mês mais chuvoso desde 1931 e, embora não tenha vindo a tempo de recuperar a produção de tomate, ajudou a recuperar as culturas do próximo verão.
As chuvas de março ajudaram a recuperar a produção das culturas de sequeiro, cereais e floresta. Embora não tenha vindo a tempo para recuperar a produção de tomate para a indústria, o mês mais chuvoso desde 1931 ajudou a recuperar as culturas do próximo verão.
Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), admitiu, citado pelo Diário de Notícias, que “esta água fazia-nos falta”.
No entanto, este cenário animador nem sempre o foi desde o início de 2018. No final de fevereiro, 84% do território nacional encontrava-se em seca severa e extrema, tendo nos cereais de outono-inverno a seca prolongada reduzido a janela de oportunidade para a realização de sementeiras.
Isto fez com que houvesse uma diminuição generalizada das áreas cultivadas, com a área dedicada ao centeio a reduzir 5%, a diminuir 10% na cevada, 15% no trigo mole e triticale e 20% no trigo duro, segundo o boletim Mensal da Agricultura e Pesca do INE, divulgado no mês passado.
Esta diminuição da área de produção ocorreu pelo quinto ano consecutivo. Aliás, o gabinete de estatísticas nacional apostou que se iria atingir um mínimo histórico de 121 mil hectares, a menor área dos últimos cem anos, desde que existem registos.
“Em termos de área cultivada, já não há nada a fazer, mas as culturas, com a chuva, deverão recuperar um bom bocado“, afirma Luís Mira. “As searas estão com muito bom aspeto. Foi uma água milagrosa”, refere o responsável da CAP.
No que diz respeito à floresta, este mês chuvoso também beneficiou as áreas ardidas. “Choveu um pouco, tendo nascido alguma vegetação, e quando choveu mais não houve arrastamento de terras”, descreve o responsável.
No entanto, Luís Mira admite que se continuar a chover com estes níveis, “as coisas poderão complicar-se”. “Em maio/junho tudo estará ao nível da precipitação na normalidade. Mas vamos ver”, diz, lembrando que as estações do ano, que antes determinavam as culturas, estão cada vez mais imprevisíveis.
Este ano, as previsões para o ano agrícola apontam para uma produção histórica de azeite, que deverá superar os 1,3 milhões de hectolitros, segundo o INE.
Em relação aos preços agrícolas ao nível do produtor, escreve o DN, os dados são apenas até fevereiro, mas as maiores variações face ao ano anterior são nos ovinos e caprinos (+18,6%), nos ovos (+14,5%) e na batata (-58,1%). Face a janeiro, as maiores variações ocorreram nos hortícolas frescos (+6,1%), nos ovos (-21%) e nos frutos (-7,3%).
Quem disse que não vem a tempo do tomate não sabe nada de agricultura.