A terceira visita oficial ao Presidente da República a Maputo faz-se sob o signo da guerra e tem uma forte componente militar, mas também uma sensibilidade política.
Sob o signo da guerra, o Presidente da República inicia esta quarta-feira a sua terceira visita oficial a Moçambique, num momento politicamente sensível para aquele membro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Moçambique foi um dos 17 Estados africanos, tal como Angola, a abster-se na votação da assembleia geral das Nações Unidas que condenou a invasão russa da Ucrânia, um voto histórico por ter sido aprovado por 141 Estados.
Foi o próprio Marcelo Rebelo de Sousa que salientou o sentido de voto de Moçambique, em declarações aos jornalistas, mas referindo o facto pela positiva, ao dizer que os dois países “foram sensíveis à ideia de não se oporem à condenação“, optando pela abstenção, segundo o Público.
Para o chefe de Estado português, esta é uma “justificação adicional” para a sua deslocação, por ser “uma oportunidade para se falar daquilo que é o enriquecimento da CPLP, a troca de pontos de vista, no momento atual que vivemos no mundo”.
Esta terceira visita oficial de Marcelo à sua “segunda pátria” decorre com o cenário da guerra ao fundo também em Moçambique, que se debate com focos de terrorismo islâmico na província de Cabo Delgado, no norte do país, onde o Grupo Wagner, constituído por mercenários russos, têm lutado ao lado dos militares moçambicanos.
O chefe de Estado sublinhou que, no âmbito desta visita, serão abordados “vários temas fundamentais”, começando por destacar a cooperação que Portugal está a fornecer a Moçambique, no âmbito da missão de formação militar da União Europeia EUTM (European Union Training Mission).
Esta contribui para uma “estabilização e criação de condições para o desenvolvimento económico e social de Moçambique”, como sublinhou.
O Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas irá visitar a Escola de Fuzileiros Navais moçambicanos, no âmbito da cooperação bilateral no domínio da defesa, e dois centros de treino do contingente nacional EUTM, situados na Companhia de Fuzileiros Independente na Katembe e no campo militar de treino do Dongo, no Chimoio (província de Manica).
Marcelo destacou também os “vários projetos que estão em curso de cooperação económica e financeira entre Estados” e entre “empresários portugueses e Moçambique”.
Não deixou de parte “a cooperação cultural e educativa“, designadamente “a escola portuguesa em Maputo, e também a colaboração entre universidades portuguesas e a universidade Eduardo Mondlane”. Tudo pontos de agenda da sua visita.