Marcelo: “Somos caldo verde, somos o vira, somos Cristiano Ronaldo”

Nuno Veiga / LUSA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Discurso sobre o “orgulho de Portugal” em frente a emigrantes portugueses e lusodescendentes no Canadá.

O Presidente da República discursou no sábado à noite perante emigrantes portugueses e lusodescendentes em Toronto, a quem disse que são “o orgulho de Portugal” por manterem viva a identidade portuguesa há décadas em território canadiano.

“Mostraram o que nós somos: evidentemente, nós somos fado, somos bacalhau, somos caldo verde, somos cozido à portuguesa, somos o vira e o corridinho e o fandango. Somos tudo isto, temos uma alma. Somos Cristiano Ronaldo“, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no penúltimo dia da sua visita oficial ao Canadá dedicada às comunidades emigrantes portuguesas.

Estas palavras suscitaram palmas e alguns gritos a imitar a celebração de golo de Cristiano Ronaldo entre a assistência de cerca de 400 pessoas – segundo a organização – dispersa pelo enorme salão da União Internacional dos Trabalhadores da América do Norte (LIUNA) em Toronto.

“Somos tantos campeões em tantas áreas. Mas os maiores campeões de Portugal são vocês, o povo português. Cada um de vocês é um campeão. Às vezes não sabem, mas são campeões, pelo que têm feito ao longo destes 70 anos“, considerou o chefe de Estado, que discursava em inglês.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, se “o Presidente representa todos os portugueses”, cada português no estrangeiro “representa o país todo”, e quem é emigrante no Canadá é “também canadiano, luso-canadiano, mas sobretudo português, e representa Portugal”.

“Portugal é feito todos os dias lá dentro e cá fora – e mais cá fora, muitas vezes, do que lá dentro”, defendeu.

Vocês são o orgulho de Portugal. E eu sinto-me feliz por ser Presidente da República de um povo assim, de uma diáspora assim, de uma comunidade assim”, acrescentou, já em português.

O Presidente da República referiu que os primeiros portugueses que emigraram para o Canadá saíram das ilhas dos Açores e Madeira e um pouco de todo o continente e eram, “em geral, muito pobres”, porque “Portugal era um país pobre em 1953“.

“Começaram a vida quase sem nada. Depois, trouxeram as vossas famílias, ou formaram aqui as vossas famílias”, prosseguiu, concluindo: “Foi um passado longo e difícil, mas um passado prestigioso”.

No palco, Marcelo Rebelo de Sousa chamou para perto de si um rapaz de oito anos, o mais novo lusodescendente que encontrou entre os presentes, símbolo do “grande futuro” que antevê para esta comunidade emigrante portuguesa.

Como faz habitualmente nestes encontros, o chefe de Estado engrandeceu os portugueses, proclamando-os “os melhores”, e Portugal, como nação antiga e com projeção global, “com a força de quase nove séculos” e “a quinta língua falada no mundo”.

“Nós respeitamos todos, mas somos os melhores“, declarou.

Este encontro, em que a seguir aos discursos houve atuações de ranchos folclóricos e um jantar volante, contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Internacional do Canadá, Ahmed Hussen.

Jack Oliveira, emigrante português e presidente executivo do sindicato de Toronto LIUNA Local 183, foi o primeiro a falar, sobre a história desta filial sindical, fundada em 1952, que é a maior do setor da construção civil da América do Norte, com cerca de 70 mil trabalhadores associados e famílias, grande parte dos quais de origem portuguesa.

O sindicato LIUNA Local 183 organizou este encontro em conjunto com a Aliança dos Clubes e Associações Portuguesas do Ontário.

Parte dos presentes teve a entrada paga pelo seu sindicato ou associação, enquanto outros pagaram 75 dólares canadianos – cerca de 52 euros – para estarem nesta “homenagem ao Presidente Marcelo Rebelo de Sousa”.

O Presidente da República agradeceu às autoridades do Canadá pelo modo como “receberam os primeiros portugueses” e por “70 anos de amizade”.

Antes, o chefe de Estado visitou a Galeria dos Pioneiros Portugueses, em Toronto, inaugurada no ano 2000, que conta as histórias dos primeiros emigrantes portugueses que chegaram ao Canadá a partir de 1953, na sequência do estabelecimento de relações diplomáticas formais entre os dois países, em 1952.

// Lusa

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