Marcelo não percebe o porquê de a direita se ter “descolado”, mas acredita no surgimento de uma alternativa ao PS

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Miguel A. Lopes/LUSA

Marcelo Rebelo de Sousa cumprimenta António Costa

Presidente da República deixou elogios a Luís Montenegro por dar mostras de proximidade à sua pessoa, ao contrário do que fez Rui Rio no passado.

Marcelo Rebelo de Sousa diz não ter ficado surpreendido com a maioria absoluta conquistada pelo Partido Socialista, argumentando que o resultado “era plausível“. “Dois temas marcaram os debates: SNS e pensões são dois pontos essenciais na sociedade. Um pequeno aumento das pensões significa muito para uma sociedade envelhecida e para as classes mais pobres”, afirmou em entrevista à CNN Portugal, onde abordou temas diversas.

O Presidente da República reconheceu, após ser questionado pela existência de um racismo estrutural em Portugal que “há imensos traços relativos ao império na sociedade” e que “mudar a cultura cívica demora imensas gerações”. Ainda assim, coloca esperança nas “crianças e jovens” que, diz, “repudiam totalmente o racismo e discriminação doutro género, como as de cariz sexual”.

Já sobre a paridade no número de deputados na Assembleia da República, Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu que há poucas mulheres, assim como de imigrantes. “Temos uma percentagem baixa de deputadas. Como é possível não haver um protagonismo maior das mulheres na sociedade portuguesa?”

Abordou ainda a sua proximidade com o público, justificando-a com a sua “maneira de ser”, mas também por ter feito comentários televisivo durante 15 anos. “As pessoas habituaram-se a ver-me como um parente, não como um político”, apontou. Partindo talvez desta experiência, Marcelo Rebelo de Sousa não se inibiu de fazer uma breve leitura política, ao afirmar que “os sucessivos líderes de direta” cometeram “um erro” ao descolarem-se “ostensivamente” de si, ao contrário de António Costa que percebeu que poderia “beneficiar” da proximidade ao Chefe de Estado.

“Também a direita cometeu um erro que eu nunca percebi. É que os sucessivos líderes de direita, em vez de se colarem em mim, descolaram ostensivamente de mim. E quem é que colava a mim? O primeiro-ministro e o PS“, disse, sem rodeios.

Ainda assim, deixou elogios a Luís Montenegro, novo líder do PSD por ser “o primeiro que dá alguns sinais de perceber” a importância da sua figura e dos resultados que podem surgir da proximidade. “Percebeu que se podia, de alguma maneira, estar ali próximo de alguém que, sem estar a fazer nenhum frete partidário, no entanto, abria espaço. É o que faz o primeiro-ministro desde sempre”, explicou.

Durante a entrevista, Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda palavras positivas para António Costa, a quem atribuiu a inteligente análise de chegar a eleitorados diferentes e posteriormente “cavalgar mais ao centro, beneficiando da proximidade do Presidente [da República]”. “E eu não percebi porque é que o PSD deu de barato, ‘olhe, este está perdido. Não dissolveu o parlamento e deixa o primeiro-ministro governar… Vamos ver como isto acaba muito mal para ele e para o primeiro-ministro e tal'”, continuou.

Mesmo assim, considera natural que “uma alternativa venha a emergir e que essa alternativa” surja num tempo em que já não esteja no Palácio de Belém. “De qualquer maneira assisti à pré-história, ao fazer progressos dessa alternativa, que começou, de facto, com o dr. Rui Rio, mas agora tem uma nova face e uma nova oportunidade“.

“O centro-direita para chegar ao poder precisa de ter 45%, mas esses 45% têm de ter um motor fundamental. E esse motor tem de ter uma liderança e um discurso que sejam o mais abrangentes possível. Porque isso é que lhe dá força para ter um efeito federador”.

ZAP //

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3 Comments

  1. Foi este boneco articulado que se desvinculou do PS, daí estar sempre de braço dado ao Costa, evitando abordar a maior parte dos problemas-PS. Inadequado!

  2. Chama-lhe, antes que te chamem! Este artista é que se encostou ao PS de forma nunca vista em Portugal. A culpa é dos outros… Politicamente, isto é uma aberração patética.

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