O otimismo de Marcelo desvaneceu-se: “nota-se que está triste e amuado”

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Rodrigo Antunes / Lusa

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Presidente trouxe uma mensagem de Natal mais sombria do que o habitual. “Parece que foi encostado”, e o silêncio fala alto.

“Todos os dias — se estivermos atentos — descobriremos que o Natal de muitos, quase todos, é, sempre, o Natal possível. Não o Natal sonhado ou idealizável.”

Foi com este tom mais sombrio que Marcelo Rebelo de Sousa recuperou a tradição da mensagem de Natal da Presidência da República este ano, num texto intitulado de “O Natal Possível” publicado no Jornal de Notícias.

Lembrando “os milhões que nem sequer podem ter um dia em que a sua vida de miséria, de fome, de guerra, de exploração, de sofrimento, seja diverso de todos os demais”, o Presidente da República, que nos habituou aos seus sorrisos e positividade, esteve mais ‘sisudo’ este Natal, e optou por dar destaque àqueles que veem o feriado “convertido no Natal possível”.

“Falo no Natal das Comunidades, das Famílias, das pessoas, que, nem sequer, naquele dia, que para os que usam chamá-lo de Natal, podem esquecer uma doença, uma prisão, um luto, uma dor, uma ausência, uma saudade. Ainda que, sem essa presença, lhes fosse mais fácil de construir, ao menos, um pouco de Natal”, escreveu Marcelo.

“Para esses — que, em rigor, já não são a maioria esmagadora do universo, ou a minoria muito forte em tantas sociedades — mesmo para esses, o Natal fica convertido no Natal possível. O Natal possível do marido ou mulher, do pai ou mãe, do filho ou filha, do irmão ou irmã, morto pelo desespero ou pelo fatídico encontro com terceiro”.

“O Natal possível de parente, do amigo ou amiga, do paciente, do recluso, do distante no mundo, do servidor da causa pública em missão nas mesmas lonjuras do universo”, continuou o chefe de Estado: “mais perto de nós, vizinhos, formal ou informalmente cuidadores, sem abrigo, com abrigo e sem teto, sem emprego, sem esperança, sem razões para continuar a lutar”, num Natal que “para uns, é, na verdade, impossível ou quase”. Diz de seguida Marcelo que nestes últimos dias, se deparou com exemplos de tudo isso.

“Nota-se que está triste”

No Presidente “nota-se uma certa tristeza. Estamos no Natal, mas o espírito de Marcelo é quase pascal”, diz Bruno Vieira Amaral na Rádio Observador.

Marcelo “anda a falar menos”, e a mensagem de Natal coincide com a sua forma de viver nestes últimos meses de fim de mandato: “nota-se que ele está triste” e que o seu otimismo “se desvaneceu”.

“Noutros tempos, se calhar teria sido um bocadinho mais otimista”, acredita o comentador: “parece-me que está tristonho com o que se tem passado, com a relação que não será a ‘sonhada’ com Luís Montenegro”.

Ainda falta um ano para o fim do mandato, mas “o tom está marcado” e o seu silêncio fala alto, numa altura em que a polémica intervenção policial no Martim Moniz e a ameaça dos médicos em relação a uma eventual desobediência civil pautam a agenda política do país.

“O facto de se ter escusado a comentar estes assuntos revela, mais do que cuidado, uma vontade de não entrar em polémicas. Parece que foi encostado“, diz ainda Bruno Vieira Amaral.

“De alguma forma foi posto de parte e está a amuar, está a mostrar que está um bocadinho amuado com toda esta situação”, conclui.

Tomás Guimarães, ZAP //

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1 Comment

  1. A tristeza de MRS tem haver com a borrada que fez com o filho no caso das gémeas e por via disso não pôde passar o natal com os netos.

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