O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou esta segunda-feira, em Luanda, que haja “um ou outro português distraído” que tenha considerado como uma vaia a ovação que Portugal recebeu do povo angolano.
Marcelo Rebelo de Sousa falava terça-feira à noite para a comunidade portuguesa residente em Angola, momentos antes de deixar Luanda, onde participou, hoje, na cerimónia de investidura do novo Presidente de Angola, João Lourenço, durante a qual foi fortemente ovacionado, durante a sua apresentação.
O chefe de Estado português, que chegou segunda-feira a Luanda, referiu ter confirmado durante a sua estada no país, “o calor inequívoco do povo angolano relativamente a Portugal e aos portugueses, que não tem a ver com a pessoa do Presidente”.
“A ovação de hoje, claramente superior a todas às outras na cerimónia, não foi dirigida à pessoa do Presidente, fosse o Presidente qualquer um, teria sido dirigida à Portugal e aos portugueses e eu só estranho o facto de haver portugueses que não gostam de ser aplaudidos por povos irmãos”, criticou.
No momento da cerimónia em que são anunciados os chefes de Estado convidados, ao chegar a vez de Marcelo Rebelo de Sousa, além de fortes aplausos ouvem-se igualmente assobios – que na cultura angolana serão na realidade manifestações de alegria e aclamação.
Entre aplausos e assobios, a ovação a Marcelo foi a mais efusiva dos assistentes, que não a dispensaram a mais nenhum dos chefes de estado presentes. Segundo o presidente português, os aplausos poderiam não ter acontecido e até “ninguém esperaria que tivessem acontecido”.
“Mas, tendo acontecido, é estranho que sejam os presidentes dos outros países, os diplomatas dos outros países, a notarem e a felicitarem como os angolanos gostam dos portugueses e haja um ou outro português distraído que entenda que aquilo que os povos consideraram um aplauso acabou por ser uma vaia“, ironizou.
Marcelo Rebelo de Sousa aplaudiu ainda as relações de fraternidade entre os dois povos, que se apoiam mutuamente, em momentos difíceis.
“Os povos português e angolano fizeram uma escolha, essa escolha tem a ver com a nossa história, com a nossa cultura, com a língua comum, com muito daquilo que uns e outros nos demos ao longo dos séculos, mas também tem a ver com hoje e com o amanhã”, concluiu.
// Lusa