Marcelo diz que o 25 de Abril “deixou muito por fazer”

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António Cotrim / LUSA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa disse, esta segunda-feira, perante centenas de jovens, que o 25 de Abril “deixou muita coisa por fazer”, nomeadamente na educação e na saúde – motivo pelo qual Portugal vive “uma corrida contra o tempo”.

“O 25 de Abril [1974] deixou muita coisa por fazer” – é uma das conclusões que Marcelo Rebelo de Sousa tira destes 50 anos de democracia.

Entre o “feito e o não feito”, o Presidente da República apontou que as coisas que a Revolução fez ficaram rapidamente desatualizadas.

“Por exemplo, o ensino. Houve uma abertura em quantidade no ensino. Mas a qualidade acompanhou? Não. A escolaridade demorou muito tempo a ser alargada. Na saúde, o SNS [Serviço Nacional de Saúde] arrancou muito bem, mas depois foi-se alargando alargando e alargando e começou a ter problemas de década para década”, exemplificou Marcelo Rebelo de Sousa.

No ano em que se assinalam os 50 anos do 25 de Abril, o Chefe de Estado disse, na Escola Rodrigues de Freitas, no Porto, que Portugal vive “uma corrida contra o tempo”, dada “a sensação de que o que se faz não é suficiente comparado com aquilo que se devia fazer”.

Falando de desigualdades no território, Marcelo relata um “país pobre”, antes do 25 de Abril”: “A pobreza foi-se recuperando rapidamente em alguns centros, nas cidades, nas metrópoles”.

No entanto, “no campo, zonas da fronteira e alguns territórios no meio do continente”, continuou o Chefe de Estado, a pobreza não desapareceu: Além das desigualdades que havia, juntaram-se novas desigualdades”.

Com o novo ministro da Educação na audiência, no primeiro ato público de Fernando Alexandre como governante, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “o país avançou muito no digital”, mas “não chegou a toda a gente”.

Mas a Liberdade nunca se perdeu

“Qual é a consolação que temos? É que houve uma coisa que nunca se perdeu: a Liberdade!”, enalteceu o Presidente.

“Durante estes 50 anos” – continuou – “mudaram os Governos e os partidos, apareceram novos partidos, desapareceram partidos mudaram as opiniões, mudaram as ideias, os movimentos, mas há uma coisa que ficou adquirida para sempre: não queremos voltar a uma ditadura. Não queremos um partido sozinho a governar o país”, apontou.

Defendendo que os países com maior qualidade ambiental bem como os mais avançados técnica e cientificamente, vivem em democracia, Marcelo disse que “a grande riqueza atual é continuarmos a lutar pela liberdade, pelo pluralismo e pela mudança”.

Futuro de “Abril” é dos jovens

O Presidente da República – que tinha previsto falar 15 minutos e responder “a meia dúzia de perguntas” para “mais talvez uma hora” e acabou por falar mais de duas horas e só interrompeu o ciclo de questões quando alguns alunos pediram para ir almoçar – aproveitou para deixar uma mensagem aos jovens.

“Quem vai ser decisivo no futuro do 25 de Abril são os mais jovens. Foram jovens capitães a fazer o 25 de Abril, agora têm de ser os jovens a refazer as vezes que forem precisas o 25 de Abril”, sublinhou.

Convidado a contar como é que viveu o 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa que trabalhava, em 1974, como jornalista do jornal Expresso, contou que sabia, através de amigos, que estava iminente um movimento militar e que esse ia ser feito por capitães.

Já a data exata, percebeu-a no próprio dia quando na madrugada de 25 de Abril se cruzou, a caminho de casa para tomar um duche depois de ter ido ao Restelo ver um jogo de futebol, com a coluna que ia tomar o controlo do Rádio Clube Português.

Telefonei a pessoas chave como Francisco Sá Carneiro e outras (…). No Expresso criou-se uma espécie de central com antenas nos vários pontos de operação. Passei uma parte do dia no Expresso e nos intervalos possíveis sai para a rua”, descreveu.

Esta foi a primeira de três conversas sobre a Revolução dos Cravos com jovens. Depois do Porto, seguir-se-ão conversas semelhantes em Lisboa e em Santarém, terra de Salgueiro Maia.

ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. Há uns certos indivíduos. que deviam lavar a boca antes de falarrem do 25 de Abril.
    Entre eles, os que subreptíciamente promovem autênticos golpes de Estado e, perante as consequências a que assistimos, assobiam para o lado remetendo-se ao cómodo silêncio, prática característica da soncice que lhes assiste.

  2. Sim há muito por fazer….mas avançou-se muito isso é indesmentível, as mulheres ganharam direitos e ainda bem, a sociedade tornou-se mais tolerante, mas falta desenvolver o país, falta proporcionar melhor qualidade vida às portuguesas e portugueses!

  3. “Pronto …..já pôs a pata na possa raios a (o) parta” ……….como dizia o inesquecível Raul Solnado ! . E torna-se cada vez mais frequente !

  4. Sim… realmente o 25’Abr’74 deixou muito por fazer, nomeadamente acabar com os fascistas camuflados de democratas…

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