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“Depende de todos nós”. Marcelo espera que confinamento não ultrapasse um mês

José Sena Goulão / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República e recandidato ao cargo espera que o atual confinamento, com dever geral de recolhimento e encerramento de um conjunto de atividades, não ultrapasse um mês.

Esperamos que não ultrapasse um mês, mas vamos ver, esperamos que não”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, durante uma ação de campanha enquanto candidato às eleições Presidenciais de 24 de janeiro, em Lisboa.

Questionado se acredita que o confinamento hoje iniciado só irá durar um mês, respondeu: “Espero que seja só um mês. Se nós conseguirmos – isso depende muito de todos nós – nestes quinze dias, e depois na renovação, quando for feita, já no final do mês, chegarmos perto do Carnaval e tivermos bom senso, se isso acontecer, e se funcionar, se nós curvarmos, invertermos a tendência”.

“Isso permite fechar o problema ou reduzi-lo na sua fase mais crítica, a uma parte importante do primeiro trimestre. O que nós queremos é evitar que isto sobre para o segundo trimestre, então já é meio ano e é um problema”, acrescentou.

O candidato apoiado por PSD e CDS-PP, que prestou declarações aos jornalistas durante mais de meia hora, depois ter visitado uma mercearia social na freguesia de Santo António, reiterou que gostaria que “até ao final de fevereiro” houvesse uma “viragem” na evolução da covid-19 em Portugal, com uma “tendência de queda de casos”.

“Isso era o ideal. Travar no primeiro trimestre aquilo que se agravou no primeiro trimestre, não deixar escorregar para o segundo trimestre, dando tempo a que a vacinação comece a criar efeitos em termos de imunizar as pessoas”, reforçou.

É importante que PGR e AR queiram apurar vigilância a jornalistas

O Presidente da República considerou ainda importante que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o Parlamento queiram apurar a vigilância policial a dois jornalistas que investigavam o caso e-toupeira.

“Eu não comento processos criminais em curso, mas vi na comunicação social que há uma averiguação sobre o que se passou, e isso é importante, essa iniciativa de averiguação. Primeiro, porque é uma questão já antiga. Estamos a falar de há dois anos, ou mais de dois anos, e não podemos deixar que o tempo corra e se esqueça”, declarou.

Acho importante essa iniciativa da PGR de apurar o que se passou, como acho importante que o Parlamento queira apurar exatamente o que se passou, em que termos se passou, apurado esse inquérito, essa averiguação pela PGR. E que aquilo que tenha de ser feito no quadro desse processo criminal seja feito”.

Ressalvando que não quer pronunciar-se “sobre o caso concreto”, Marcelo Rebelo de Sousa observou: “Como imaginam, eu percebo perfeitamente aquilo que preocupa todos, e preocupa nomeadamente a comunicação social”.

“É evidente que tudo o que diga respeito ao Estado de direito democrático, e aos princípios e aos valores do Estado de direito democrático só pode preocupar o Presidente, que faz cumprir a Constituição, onde estão os direitos”, disse ainda.

O candidato presidencial elogiou ainda a adesão ao voto antecipado. “Queria agradecer a todos, e são 200 mil, que se inscreveram para votar antecipadamente. E queria agradecer-lhes porque é um sinal para todos os que vão certamente votar no dia 24”, afirmou, argumentando que “há mais razões para os portugueses votarem” no atual contexto, precisamente “porque há crise pandémica e há crise económica”.

“Já basta termos um milhão a mais de recenseados no estrangeiro, que infelizmente a grande maioria deles não vai votar, o que aumenta logo a abstenção em 10%”, observou.

Questionado sobre a forma como o candidato André Ventura tem atacado verbalmente adversários políticos nesta campanha, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “é muito importante a pessoa apresentar-se pela positiva e, ao dizer o que pensa, de alguma maneira permite o contraste com a posição de outras e de outros, sem ser uma coisa pessoalizada”.

“O fundamental é olhar para o futuro, e não tanto estar a dizer o que cada um pensa do que o outro usa, se tem barba, se não tem barba, se usa batom, se não usa batom, se realmente se penteia de uma maneira ou se penteia de outra maneira, se é bom, se é mau, se eu gosto dele, se não gosto. Por princípio, um candidato deve gostar de todos os demais candidatos”, considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa saudou ainda o antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, pelo seu artigo hoje publicado no semanário Expresso sobre o semipresidencialismo português e reforçou a mensagem de que “o mais importante é verdadeiramente tratar dos problemas do país” e debater o papel do chefe de Estado na resposta à pandemia de covid-19 e à crise que o país enfrentará nos próximos tempos.

“Francamente eu sei que é aquilo que anima e que de alguma maneira é notícia no dia a dia numa campanha são coisas diferentes disto, mas eu acho que os portugueses o que querem saber é isto: o que é que aquela pessoa vai fazer, em que condições, e como, nos próximos cinco anos, se for eleito”, acrescentou.

Por outro lado, no seu entender, “o ideal é que as pessoas no fim da campanha se tratem como se tratavam antes do começo da campanha”.

ZAP // Lusa

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