Nem o candidato de Costa, nem o de Pedro Nuno. PS foge da batata quente com liberdade de voto

António Cotrim / Lusa

O Secretariado Nacional do PS vai propor, neste sábado, nas reuniões da Comissão Política e Comissão Nacional do partido que impere a liberdade de voto como orientação para as eleições presidenciais, portanto, sem que o partido apoio qualquer candidato.

Esta posição já mereceu o apoio do secretário-geral socialista, António Costa, na reunião do Secretariado Nacional do PS que começou na sexta-feira à noite e terminou já neste sábado de madrugada, disseram à agência Lusa fontes da direcção do partido.

Na sexta-feira, em entrevista à Antena 1, António Costa já tinha colocado o cenário de o PS não manifestar apoio a nenhum dos candidatos a Belém, entre os quais está a militante a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes.

“Ao longo da história o PS já teve várias posições. Já teve a posição de não apoiar nenhum candidato, já apoiou candidatos, mas nunca propôs candidatos”, referiu o líder socialista, acrescentado, depois, que “a grande prioridade do PS é concentrar-se nas funções de governação”.

No plano político, transmitiu mesmo um sinal de afastamento político em relação à candidatura presidencial de Ana Gomes, dizendo que até agora ainda não falou com a ex-eurodeputada socialista sobre a sua entrada na corrida a Belém.

Pelo contrário, em relação ao actual Presidente da República, o líder socialista tem dado como certa a sua reeleição, caso se recandidate nas eleições de Janeiro próximo.

Em entrevista ao jornal Expresso, no final de Agosto, António Costa disse mesmo que, se Marcelo Rebelo de Sousa não se recandidatar, existiria “um problema grave no conjunto do país”.

No entanto, António Costa também avisou que não terá um envolvimento directo na campanha eleitoral das próximas presidenciais.

“Sendo eu também primeiro-ministro, devo ser a pessoa que menos interfere nesse debate, porque terei de ter com o próximo Presidente uma relação institucional. Não vou interferir muito nessa campanha eleitoral”, justificou.

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, conotado com a ala esquerda do PS, é um dos poucos dirigentes socialistas que já sinalizaram a sua intenção de apoiar Ana Gomes.

Apontado como potencial candidato à sucessão de António Costa na liderança do PS, Pedro Nuno Santos afirmou que gosta “de gente, homens ou mulheres, com coragem e que nunca se enganem ao lado de quem têm que estar, do povo, dos trabalhadores, das famílias, e ter sempre a coragem para enfrentar aqueles que, em cima, foram mais ou menos fazendo o que sempre quiseram do nosso país”.

“As pessoas não servem para o PS para fazer umas coisas de vez em quando, serem eurodeputadas, serem candidatas à Câmara Municipal ou membros do Secretariado Nacional e, depois, de um momento para o outro, passarem a ser vilipendiadas porque não lhes dá jeito”, salientou ainda o ministro das Infraestruturas em resposta aos socialistas que criticam um alegado “radicalismo” de Ana Gomes.

Nestas reuniões das comissões Política e Nacional, é quase certo que será reprovada a proposta da corrente minoritária, de Daniel Adrião, também apoiante de Ana Gomes, no sentido de o PS realizar um referendo interno, por voto electrónico, sobre o seu posicionamento face às presidenciais de Janeiro de 2021.

Ana Gomes já esperava este desfecho no PS

Em declarações à TSF, Ana Gomes refere que apesar de “nunca ter tirado o chapéu de socialista”, concorre às presidenciais como independente.

A candidata presidencial sustenta ainda que já estava à espera de que o PS desse liberdade de voto aos seus militantes, notando que fica “satisfeita” pelo facto de o partido “tomar uma decisão democrática sobre um assunto da maior relevância para a vida democrática do país”.

“Tenho muitas manifestações de apoio da parte de muitos socialistas”, aponta contudo a ex-eurodeputada socialista.

ZAP // Lusa

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