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Marcelo admite recandidatura a Belém (e a culpa é da Web Summit)

António Pedro Santos / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa nunca tinha ido tão longe na admissão de se recandidatar a Belém. Esta segunda-feira, o Presidente da República admitiu essa possibilidade, referindo que a permanência da Web Summit em Portugal por dez anos pode ter esse “efeito colateral”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou ironicamente esta segunda-feira que a permanência da Web Summit em Portugal por dez anos pode ter como “efeito colateral” uma recandidatura sua nas presidenciais de 2021.

O chefe de Estado falava durante um encontro com representantes de start-ups portuguesas que vão participar na edição deste ano desta cimeira internacional de tecnologia e inovação, a quem confidenciou que na última noite, em que se realizou a segunda volta das eleições presidenciais no Brasil, dormiu pouco.

“Não dormi muito, como é habitual. E pensei: há alguma vantagem adicional para a minha vida de ter dez anos da Web Summit em Portugal? E eu disse: bom, há algo que pode tornar-se um efeito colateral, não necessariamente muito positivo, que é ter a responsabilidade de me candidatar novamente à Presidência“, afirmou Marcelo.

Perante dezenas de participantes portugueses na Web Summit e alguns estrangeiros, no antigo Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, num discurso em tom informal, em inglês, o Presidente da República acrescentou: “Não é bom ter este tipo de pressão sobre mim, para ver o resto dos anos da Web Summit. Não, não é boa ideia”.

Em resposta aos jornalistas, no final desta cerimónia, Marcelo Rebelo de Sousa enquadrou estas declarações como uma ironia “com humor anglo-saxónico” e declarou que a sua recandidatura continua uma questão “em aberto” e atualmente fora no seu pensamento: “Falei ironicamente, por não estar no pensamento”.

“São dez anos de Web Summit. Comecei a contar os anos, são muitos anos, a partir de hoje. E depois ironizei dizendo que, se eu fosse pensar, era bom estar em funções para ter estas reuniões e promover e ter contactos externos sobre a Web Summit, como isso também era uma pressão que tinha aspetos positivos, mas também aspetos negativos em termos de opção”, explicou. “Logo se verá.”

O Presidente da República reiterou que irá “ponderar em 2020” se sente ou não “um dever de consciência” de se recandidatar, tendo em conta o contexto nacional, europeu e internacional que então existir, e o seu entendimento quanto a se é ou não “a pessoa em melhores condições para desempenhar a função naquele momento histórico”. “Isso só na altura é que pode ser julgado”, argumentou.

“Portanto, temos de ver o que se passa no mundo, o que se passa na Europa, o que se passa em Portugal, quais são as alternativas, para poder dizer, em consciência: há o dever de consciência, o dever estrito de ser candidato“, reforçou.

Participaram também neste encontro o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, e o irlandês Paddy Cosgrave, cofundador da Web Summit, a quem o chefe de Estado disse que merece tornar-se português “um dia destes, sem dúvida”, o que provocou uma salva de palmas.

Durante estas duas horas, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu os representantes de ‘start-ups’ portuguesas falar dos seus projetos e agradeceu ao cofundador da Web Summit a “decisão sábia e corajosa” de manter esta cimeira em Portugal por dez anos, considerando que “não foi uma decisão fácil”.

Em português, o chefe de Estado agradeceu também ao Governo e à Câmara Municipal de Lisboa e destacou a presença do ministro Adjunto e da Economia: “Há aqui um protagonismo que já se percebeu que ele assume com paixão, o que é fundamental fazer com paixão. Podia estar no debate do Orçamento do Estado e está aqui“.

Em inglês, o Presidente da República incentivou a Web Summit a manter-se com “qualidade e imaginação” ano após ano, a “não envelhecer demasiado” e as ‘start-ups’ a ligarem-se à economia portuguesa “como um todo”, em particular ao tecido económico de pequenas e médias empresas que, defendeu, “têm de sentir que não estão à margem” deste movimento, evitando “clivagens geracionais”.

A edição deste ano da Web Summit vai realizar-se em Lisboa entre os dias 5 e 8 de novembro.

ZAP // Lusa

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