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Marcelino da Mata reabriu feridas. “O que se deve discutir é a guerra”, diz Ramalho Eanes

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(dr)

A morte de Marcelino da Mata causou uma fractura entre pessoas de direita e de esquerda numa polémica que trouxe à tona as feridas que ficaram da guerra colonial. Mas mais do que questionar o homem, deve-se falar é da guerra, defende Ramalho Eanes.

O antigo Presidente da República defende que o caso de Marcelino da Mata, que morreu neste mês de Fevereiro com covid-19, é uma “simplificação radical”.

“Marcelino da Mata foi envolvido numa discussão de esquerda versus direita, quando o que deve ser discutido é a guerra, que é extremamente complexa“, sublinha Ramalho Eanes em declarações ao Expresso, considerando que a polémica que se gerou em torno do militar “não contribui para um esclarecimento sobre a Guerra Colonial, as suas razões e motivações, e as suas consequências”.

O controverso militar nascido na Guiné é considerado um “herói” da guerra colonial por uns e, ao mesmo tempo, um “criminoso de guerra” por outros.

Assim, a presença de Marcelo Rebelo de Sousa no funeral e o voto de pesar pela sua morte na Assembleia da República geraram alguma polémica.

“Heróis têm um ideal, Marcelino da Mata não tinha”

Para o coronel Carlos Matos Gomes, militar da revolução de Abril que combateu na guerra colonial, Marcelino da Mata “nunca foi herói”. “Os heróis têm um ideal, Marcelino da Mata não o tinha”, realça um dos Capitães de Abril também em declarações ao Expresso.

Matos Gomes também esteve no funeral de Marcelino da Mata porque “era amigo dele”, como diz ao semanário. Sobre o militar, refere que era “muito sereno” e que “media muito bem os riscos”, mas que também era “violento”.

“Os exércitos regulares precisam de fazer operações irregulares, que não são feitas pelas leis da guerra”, diz ainda o coronel, referindo-se às acções que Marcelino da Mata terá realizado na guerra, seguindo as ordens das tropas portuguesas.

O historiador e politólogo António Costa Pinto diz ainda ao Expresso que os “heróis” do 25 de Abril foram, “em grande parte, os militares que estiveram na Guerra Colonial e participaram na descolonização“.

“A transição democrática acertou contas com o passado ditatorial, mas não as ajustou com o passado colonial e com o colonialismo tardio“, acrescenta o historiador.

ZAP //

2 Comments

  1. Aqui dá para ver a porcaria de deputados que o Ps se rodeia, da ala do Costa e Sócrates outra coisa não era de esperar. Deveria era defender a demolição de um certo edifício rosa no largo das ratazanas iguais a ele.
    Eu costumava votar em um outro Ps, não este que surgiu nas últimas décadas. O Costa conseguiu transformar o partido em um ninho de cobras de extrema esquerda, que foram para lá para ter poder.
    Dividir para reinar

  2. Sabe-se agora, com o testemunho de muitos “comentadeiros”, que todas as mulheres e crianças que o “herói” abateu, estavam fortemente armadas, e só a bravura deste valoroso ” militar” evitou uma carnificina.
    Lamentável.

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