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Manifestantes de Hong Kong levam conflito para o mundo virtual do GTA V

(dr) Weibo

Carros destruídos, estações de metro vandalizadas, cocktails molotov e canhões de água. Parece a descrição dos protestos em Hong Kong mas aconteceu num videojogo, no mundo virtual do Grand Theft Auto (GTA) V.

Os manifestantes pró-democracia organizaram-se no fórum multiplataforma LIHKG e apelaram aos outros jogadores que comprassem as vestes que se tornaram familiares nos manifestantes: capacete amarelo, roupas pretas e máscaras de gás, com caneleiras e cotoveleiras, disponíveis a partir da última atualização do jogo.  Quem quisesse apenas teria de comprar o kit “Glória a Hong Kong”, derivado do nome do hino pró-democracia, e juntar-se a um gangue “Levantem-se com Hong Kong”.

Em grupo, andavam pelo jogo a replicar as táticas de protesto dos manifestantes pró-democracia: destruir estações de metro em ataques relâmpago e atear fogo a carros da polícia.

Os simpatizantes pró-China aperceberam-se e decidiram retaliar. Aos poucos, de acordo com a BBC, foram aparecendo no videojogo vestidos de agentes antimotim e munidos de camiões com canhões de água, perseguindo os manifestantes.

O conflito virtual chegou a tal ponto que a revista de videojogos Abacus, do jornal chinês South China Morning Post, falar de uma “batalha épica” em que os manifestantes pró-democracia perderam por serem menos no campo de batalha.

À semelhança dos protestos nas ruas de Hong Kong, os dois lados trocaram depois acusações sobre quem disparou o primeiro tiro e, quando os manifestantes foram derrotados, houve quem fosse para as redes sociais queixar-se.

Notícias da “batalha épica” circularam na rede social Weibo, muito usada em Hong Kong, e jogadores chineses avisaram que retaliações não tardariam nos próximos jogos e dias.

Lançado em 2013 pelos estúdios Rockstar, o GTA V é um videojogo de mundo aberto, ou seja, as personagens dos jogadores podem movimentar-se a pé ou em veículos e fazer o que quiserem. Há quem se dedique a passar as missões do jogo, sozinho ou com outros jogadores, a destruir o mundo ou a entrar em batalhas com outros gangues. O videojogo atingiu o recorde de vendas de 800 milhões de dólares no primeiro dia do seu lançamento e mil milhões de dólares em três dias.

Não é a primeira vez que os protestos de Hong Kong passam para a realidade virtual. Há umas semanas foi lançado um videojogo chamado “Libertar Hong Kong, a revolução dos nossos tempos” e em que se jogava com um manifestante nas ruas da antiga colónia britânica. O jogador entrava em confrontos com a polícia e morria quando atingido por uma bala dos agentes antimotim.

Entretanto, em Hong Kong, os protestos continuam. As manifestações iniciaram-se devido a um projeto de lei que permitiria extraditar criminosos para países sem acordos prévios, como é o caso da China continental. Apesar de, entretanto, retirado, o projeto de lei deu origem a um movimento que exige reformas democráticas e se opõe à crescente interferência de Pequim no território.

Os protestos em Hong Kong têm sido marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de julho, alguns manifestantes chegaram a invadir o Parlamento.

O dia em que se assinalaram os 70 anos da fundação da República Popular da China, foi um dos dias mais violentos desde o início das manifestações. Nesse dia, um estudante de 18 anos foi alvejado com balas reais. Dois dias antes, uma jornalista indonésia foi alvejada com uma bala de borracha no olho.

Esta semana, os partidos pró-democracia venceram pelo menos 388 dos 452 assentos, depois de não terem conseguido um único conselho nas últimas eleições locais, realizadas há quatro anos, enquanto os candidatos pró-Pequim caíram para 59.

À semelhança de Macau, para a antiga colónia britânica foi acordado um período de 50 anos após a transferência da soberania para a China, mantendo um elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, de acordo com a fórmula ‘um país, dois sistemas’.

ZAP //

 

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