O Presidente do Brasil afirmou na quarta-feira que vai recorrer da decisão de um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu provisoriamente a nomeação de Alexandre Ramagem para diretor-geral da Polícia Federal.
“Eu quero o Ramagem lá [chefia da Polícia Federal]. É uma ingerência, não é? Vamos fazer tudo para colocar o Ramagem. (…) É dever dela [Advocacia-Geral da União] recorrer. Quem manda sou eu”, declarou Bolsonaro à saída do Palácio da Alvorada, a sua residência oficial, em Brasília, citado pela imprensa local.
Na tarde de quarta-feira, a Advocacia-Geral da União – instituição que representa judicial e extrajudicialmente o Estado brasileiro – enviou um comunicado às redações indicando que não iria recorrer da decisão do juiz Alexandre de Moraes.
Alexandre Ramagem é delegado da Polícia Federal desde 2005 e já ocupou diversos cargos dentro da corporação. Em 2018, assumiu a coordenação de segurança da campanha presidencial de Jair Bolsonaro, tornando-se seu amigo próximo e dos seus filhos.
O homem da confiança de Bolsonaro foi proposto para o cargo na terça-feira. Contudo, a sua nomeação foi revogada pelo chefe de Estado, após o magistrado ter decretado a sua suspensão provisória, avaliando que a indicação resultava de uma “inobservância aos princípios constitucionais da impessoalidade, da moralidade e do interesse público”.
A decisão foi tomada após uma ação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), que tentou impedir a nomeação de Alexandre Ramagem com base em informações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que declarou publicamente que Bolsonaro despediu o antigo chefe da Polícia Federal Maurício Valeixo para interferir politicamente nas investigações realizadas pela corporação.
Na tarde de quarta-feira, na cerimónia de tomada de posse do novo ministro da Justiça do Brasil, André Mendonça, o chefe de Estado aproveitou a ocasião para garantir que vai insistir no nome de Alexandre Ramagem para a chefia da Polícia Federal.
O chefe de Estado leu o artigo da Constituição brasileira que diz que os poderes executivo, legislativo e judiciário são “independentes e harmónicos entre si”.
“Respeito o poder judiciário, respeito as suas decisões, mas nós, com toda a certeza, antes de tudo, respeitamos a Constituição. (…) Assim me comporto e dirijo esta nação. Não posso admitir que ninguém ouse desrespeitar ou tente desbotar [desvirtuar] a nossa Constituição”, frisou o chefe de Estado.
Bolsonaro referiu-se ainda a Alexandre Ramagem como um “homem honrado” e disse que brevemente a sua nomeação para a direção da Polícia Federal vai concretizar-se.
“O senhor Ramagem que tomaria posse hoje foi impedido por uma decisão monocrática de um ministro do STF. (…) Creio que essa é uma missão honrada para o senhor Ramagem e eu gostaria de honrá-lo no dia de hoje, dando-lhe posse como diretor-geral da Polícia Federal. Eu tenho certeza de que esse sonho meu – mais dele – brevemente se concretizará para o bem da nossa polícia e do nosso Brasil”, afirmou o Presidente.
Pouco depois de Bolsonaro ter contrariado a posição da Advocacia-Geral da União, José Levi, o novo responsável pelo órgão, reafirmou à imprensa, em Brasília, que não recorrerá: “Já foi dito que não haverá recurso”.
ZAP // Lusa
Por favor, Brasil, encoste esta peste desmiolada.
Veio-me á memória aquele personagem interpretado pelo Herman em que dízia; “Eu é que xou o presidênte da Junta…”