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“Manchado por escândalo de corrupção”. António Costa caiu e a imprensa internacional reagiu

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José Coelho / Lusa

António Costa

Maioria dos media virou-se para Costa e para a “investigação de corrupção generalizada” em que se vê envolvido. O espanhol El Pais e o belga La Libre optaram por destacar a operação judicial antes do tema corrupção.

As principais agências de notícias internacionais e alguns dos principais jornais mundiais noticiaram esta terça-feira o pedido de demissão do primeiro-ministro português, António Costa, com vários media a noticiarem as buscas feitas durante a manhã.

Citando agências como a AP, Reuters, Bloomberg, Efe ou AFP, a notícia da demissão era destaque nas páginas ‘online’ dos norte-americanos Politico, Washington Post, Financial Times, Los Angeles Times ou New York Times, dos britânicos The Guardian, Times ou BBC, dos franceses Le Monde, Le Liberation ou le Fígaro, dos espanhóis ABC ou El Pais, ou do Bild (Alemanha), Corriere della Sera (Itália), La Nacion (Argentina), ou La Libre (Bélgica).

Manchado por um escândalo de corrupção que levou à acusação de um dos seus ministros e do seu chefe de gabinete, o primeiro-ministro português, o socialista António Costa, anunciou a sua demissão”, escreve a AFP, um tom que é repetido por vários ‘media’, nomeadamente de língua francesa.

Já a espanhola Efe escreveu que Costa se demitiu “devido à investigação contra si por possível prevaricação, corrupção ativa e passiva e tráfico de influências nos negócios do lítio e do hidrogénio, embora tenha garantido que não cometeu qualquer irregularidade”.

“O primeiro-ministro português António Costa demitiu-se no âmbito de uma investigação sobre eventuais crimes de corrupção relacionados com projetos de lítio e hidrogénio”, escreveu a Bloomberg, enquanto a AP refere que o governante português “anunciou a sua demissão após ter sido envolvido numa investigação de corrupção generalizada”.

Por seu turno, a Reuters refere que Costa se demitiu “no meio de uma investigação sobre alegadas irregularidades cometidas pela sua administração maioritariamente socialista na gestão de projetos de mineração de lítio e hidrogénio no país”.

O Financial Times destaca uma “explosão de crise de corrupção”, que levou à resignação do primeiro-ministro.

Abordagens diferentes

Entre os jornais que escreveram notícias diferentes das agências noticiosas está o espanhol El Pais, referindo que a “operação judicial em Lisboa inclui as detenções do seu chefe de gabinete e de um empresário amigo, bem como 42 buscas” e, perante isto, “Costa diz que o facto de estar a ser investigado é ‘incompatível com a dignidade do cargo’”.

Já o belga La Libre identifica as razões “porque o primeiro-ministro português pediu a demissão”, apontando depois os casos de suspeitas de corrupção.

António Costa apresentou a demissão ao fim de quase oito anos em funções como primeiro-ministro, cargo para o qual foi empossado em 26 de novembro de 2015 pelo então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Em 30 de março de 2022, quando deu posse ao XXIII Governo Constitucional, Marcelo Rebelo de Sousa avisou António Costa que “não será politicamente fácil” a sua substituição na chefia do Governo a meio da legislatura, dando a entender que nesse caso convocaria legislativas antecipadas.

Em 24 de janeiro deste ano, quando passaram sete anos desde a sua eleição como Presidente da República, foi mais definitivo e afirmou que, “se mudar o primeiro-ministro, há dissolução do parlamento”, referindo-se à “hipótese teórica de aparecer um outro primeiro-ministro da área do PS”.

“Porque esta maioria formou-se com um primeiro-ministro que concorreu não só como líder do partido, mas a líder do Governo. Foi muito importante, eu disse isso no discurso de posse e, portanto, estava fora de causa, quer dizer, com outro primeiro-ministro haveria dissolução do parlamento”, argumentou na altura.

O Presidente da República aceitou a demissão do primeiro-ministro e já convocou os os partidos com assento parlamentar para quarta-feira e o Conselho de Estado para quinta-feira e falará ao país a seguir, na quinta-feira.

ZAP // Lusa

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