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“Mais medo de viver do que morrer”. Jerónimo contra “confinamento agressivo” (e recusa ser “comparsa” do PSD e CDS)

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José Sena Goulão / Lusa

Na semana em que o PCP celebra 100 anos de vida, Jerónimo de Sousa falou, em entrevista à TVI, sobre a guerra colonial, a entrada na vida política e do atual estado das relações com o Governo em plena pandemia.

Em entrevista à TVI, conduzida por Miguel Sousa Tavares, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, falou sobre o partido, que esta semana cumpre um século de existência. “O PCP é um partido para continuar, porque tem um projeto”, disse o líder, acrescentando que o lema para as celebrações do centenário é “o futuro tem partido”.

A vida de Jerónimo de Sousa foi traçada nesta entrevista, onde o secretário-geral do PCP falou da sua entrada no mundo do trabalho aos 14 anos. “A fábrica começou logo a marcar muito a minha forma de estar e de agir”, garantiu. “Tu produzes 40 escudos, 30 vão logo para o bolso do patrão. Achas isso justo? Senti-me profundamente explorado“.

Questionado sobre o “convívio” entre o seu primeiro patrão e os operários comunistas da fábrica, assumiu que “nunca fez um despedimento por razões políticas ou ideológicas”.  “Perguntava-nos se sabíamos trabalhar, do resto não queria saber“, disse Jerónimo.

O tema da guerra colonial também foi trazido para cima da mesa, sendo o líder do PCP o único dirigente político que cumpriu dois anos de serviço militar na Guiné Bissau. “Nós, os jovens soldados tínhamos todos um drama: saber o que fazer se aparecesse alguém e nos apontasse a espingarda. Era um dilema que, felizmente, nunca tive de confrontar”.

Sobre o caso de Marcelino da Mata, Jerónimo afirmou que “a figura em causa tem a característica de se gabar de ter cometido crimes de guerra”.

Questionado sobre o ideais do PCP, o secretário-geral recusou citar a Coreia do Norte ou a Venezuela e disse que “o mundo pode ter mudado muito, mas não se alterou a natureza da exploração”. “Isso da ‘revolução já’ é uma coisa que não acontece. Construiremos o nosso caminho à nossa maneira”, assegurou.

No final da entrevista, questionado sobre a geringonça e dos custos políticos de uma ligação política ao PS, o líder do PCP garantiu que “não seremos, nem fomos, ponto de apoio do Governo do PS e muito menos seremos comparsas do PSD e CDS“.

Sobre o atual estado de emergência pandémico, Jerónimo desconfia que o modelo de “confinamento agressivo” que o país adotou fosse a única forma de travar a pandemia. Para o líder do PCP, um estado de calamidade teria sido suficiente.

“Não quer dizer que outras medidas de fundo não resultassem. Sinceramente, subestimar o efeito do confinamento… Como é que se admite que se chegue a um ponto em que se tem mais medo de viver do que medo de morrer?“, rematou Jerónimo.

Maria Campos, ZAP //

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1 Comment

  1. Grande Jerónimo! Raramente concordo contigo. Mas desta vez acertastes em cheio! Anda tudo cagado de medo. A GNR e a PSP sempre conseguiram um mais um hobbie: caçar multas a quem quer viver!! Nem de casa posso sair!? Vai prá Sibéria, Kosta!!

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