Na semana em que o PCP celebra 100 anos de vida, Jerónimo de Sousa falou, em entrevista à TVI, sobre a guerra colonial, a entrada na vida política e do atual estado das relações com o Governo em plena pandemia.
Em entrevista à TVI, conduzida por Miguel Sousa Tavares, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, falou sobre o partido, que esta semana cumpre um século de existência. “O PCP é um partido para continuar, porque tem um projeto”, disse o líder, acrescentando que o lema para as celebrações do centenário é “o futuro tem partido”.
A vida de Jerónimo de Sousa foi traçada nesta entrevista, onde o secretário-geral do PCP falou da sua entrada no mundo do trabalho aos 14 anos. “A fábrica começou logo a marcar muito a minha forma de estar e de agir”, garantiu. “Tu produzes 40 escudos, 30 vão logo para o bolso do patrão. Achas isso justo? Senti-me profundamente explorado“.
Questionado sobre o “convívio” entre o seu primeiro patrão e os operários comunistas da fábrica, assumiu que “nunca fez um despedimento por razões políticas ou ideológicas”. “Perguntava-nos se sabíamos trabalhar, do resto não queria saber“, disse Jerónimo.
O tema da guerra colonial também foi trazido para cima da mesa, sendo o líder do PCP o único dirigente político que cumpriu dois anos de serviço militar na Guiné Bissau. “Nós, os jovens soldados tínhamos todos um drama: saber o que fazer se aparecesse alguém e nos apontasse a espingarda. Era um dilema que, felizmente, nunca tive de confrontar”.
Sobre o caso de Marcelino da Mata, Jerónimo afirmou que “a figura em causa tem a característica de se gabar de ter cometido crimes de guerra”.
Questionado sobre o ideais do PCP, o secretário-geral recusou citar a Coreia do Norte ou a Venezuela e disse que “o mundo pode ter mudado muito, mas não se alterou a natureza da exploração”. “Isso da ‘revolução já’ é uma coisa que não acontece. Construiremos o nosso caminho à nossa maneira”, assegurou.
No final da entrevista, questionado sobre a geringonça e dos custos políticos de uma ligação política ao PS, o líder do PCP garantiu que “não seremos, nem fomos, ponto de apoio do Governo do PS e muito menos seremos comparsas do PSD e CDS“.
Sobre o atual estado de emergência pandémico, Jerónimo desconfia que o modelo de “confinamento agressivo” que o país adotou fosse a única forma de travar a pandemia. Para o líder do PCP, um estado de calamidade teria sido suficiente.
“Não quer dizer que outras medidas de fundo não resultassem. Sinceramente, subestimar o efeito do confinamento… Como é que se admite que se chegue a um ponto em que se tem mais medo de viver do que medo de morrer?“, rematou Jerónimo.
Grande Jerónimo! Raramente concordo contigo. Mas desta vez acertastes em cheio! Anda tudo cagado de medo. A GNR e a PSP sempre conseguiram um mais um hobbie: caçar multas a quem quer viver!! Nem de casa posso sair!? Vai prá Sibéria, Kosta!!