Maior golpe de sempre. Milhões de ajuda humanitária à covid roubados ou para o lixo

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Um esquema descarado que aproveitou pessoas mortas e auto-certificação. 10% do pacote total do Governo foi desviado. São muitos milhares de milhões. Eis ‘A grande vigarice’.

É o maior golpe de sempre nos Estados Unidos da América.

E grande parte do roubo foi descarado, até simples.

‘A grande vigarice’…

Assim começa a denúncia que abala os Estados Unidos da América: milhões de dólares (ou de euros, no nosso caso), que seriam para ajuda humanitária relacionada com a COVID-19, foram roubados ou mesmo desperdiçados. Para o lixo.

A agência Associated Press explica que foram utilizados números de Segurança Social de pessoas mortas, ou de prisioneiros federais, para ter acesso a cheques-desemprego. Em vários Estados, ao longo dos últimos três anos.

Esses cheques seriam para pessoas que ficaram mais frágeis economicamente, devido à pandemia.

Além disso, os requerentes de empréstimos federais não foram verificados num banco de dados do Departamento do Tesouro.

Quem ficou com o dinheiro?

Criminosos e gangues. Mas também um soldado, pastores de uma igreja, um antigo legislador estatal ou um empreiteiro.

A investigação jornalística estima que foram roubados cerca de 260 mil milhões de euros que seriam para ajudar as pessoas afectadas pela COVID.

Essa foi a maior fatia do golpe. Mas outros 114 mil milhões de euros foram desperdiçados ou mal gastos.

Tudo junto é um pouco mais de 10% do pacote total inicial do Governo dos EUA para ajuda humanitária relacionada com a pandemia.

Mas o número ainda deve subir, avisa a agência.

“É uma fraude sem precedentes“, reforçou Mike Galdo, director no Departamento de Justiça dos EUA.

Como é que isto aconteceu?

Por causa da pressa. O Governo de Washington – primeiro de Trump, depois de Biden – queria tanto ajudar, e rapidamente, que controlou pouco o esquema. Havia poucas restrições nas candidaturas aos cheques, por exemplo.

Era uma uma espécie de “pote infinito de dinheiro que qualquer um poderia aceder”, resume Dan Fruchter, chefe da unidade de fraude e crimes de colarinho branco no gabinete do Procurador dos EUA, em Washington.

“As pessoas pensaram que era uma coisa socialmente aceitável de se fazer, mesmo que não fosse legal”, descreveu.

Os criminosos aproveitaram-se sobretudo de grandes iniciativas da Casa Branca centradas em pequenas empresas e nos trabalhadores desempregados.

Um pacote inédito na história dos EUA (tal como noutros países): 3 biliões de euros em ajuda federal de emergência injectada na economia do país. Que ainda teria mais 1.8 biliões já sob a presidência de Joe Biden.

Exemplos

Numa escala tão grande, houve erros multimilionários que passaram longe das notícias – até hoje.

Num programa de 780 mil milhões de euros, de entrega de cheques de estímulo económico, 99% foram entregues com sucesso – mas o 1% de falhanço representa quase 8 mil milhões de euros que foram para “indivíduos inelegíveis”. Ou seja, para o lixo.

Outro exemplo: a agência que trata dos pequenos negócios cedeu mais de 150 mil milhões de euros em empréstimos, logo nos primeiros quatro meses da pandemia. Problema: com a pressa e com os responsáveis a ficarem sobrecarregados de trabalho, as burocracias quase desapareceram. Havia uma espécie de “auto-certificação”: ou seja, as pessoas que confirmavam os dados dos empréstimos eram as pessoas que pediam esses empréstimos. Era à base da confiança na palavra do requerente. Só aqui as perdas para o Governo foram de 80 mil milhões de euros (no mínimo…).

Cerca de 108 mil milhões de euros foram cedidos em empréstimos questionáveis ​​e possivelmente fraudulentos: empresas não registadas receberam dinheiro e houve vários empréstimos dirigidos para o mesmo endereço.

Em relação à ajuda para pessoas desempregadas, a fraude deve chegar aos 107 mil milhões de euros. Pessoas receberam dinheiro quando não reuniam critérios para o receber.

Culpados?

Estão a decorrer milhares de investigações por fraude fiscal, por parte do Governo.

Como seria de esperar, não há consenso no Capitólio.

Os republicanos alegam que houve dinheiro a mais e isso facilitou fraude, desperdício e inflação. Os democratas acham que o esforço financeiro do Governo salvou vidas, negócios e empregos.

Mas os dois partidos chegaram a um consenso: dar ao Governo Federal mais tempo para apanhar os criminosos.

E as autoridades vão precisar de muito tempo: com roubos de identidade, com criminosos que estão no estrangeiro, vão (continuar a) ser meses ou anos de investigações.

Porque também a fraude foi pandémica, nos EUA.

ZAP //

7 Comments

  1. É porque ainda não viram o exemplo português.
    Proporcionalmente, acredito que por cá a golpada foi bem maior…
    Desde ajustes diretos para desinfetar praias, ruas e edifícios vazios, até pagamentos a 100% de funcionários públicos que estariam em teletrabalho, mas que mais não fizeram do que gozar férias, os exemplos devem ser incontáveis…

  2. Ainda a missa vai no adro, falta o resto do mundo, andamos todos pagar neste momento, guerras inventadas, doenças de fachada, para meia dúzia deles, continuarem a fazer mais do mesmo, ou seja, estratagemas de como roubar biliões aos contribuintes, esta é a grande questão…

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