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Maior coleção do mundo de gravuras de Rembrandt descoberta em Águeda

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The Mauritshuis / Wikimedia

"A lição de anatomia do Dr. Nicolaes Tulp", de Rembrandt Harmenszoon van Rijn, óleo em tela de 1632

“A lição de anatomia do Dr. Nicolaes Tulp”, de Rembrandt Harmenszoon van Rijn, óleo em tela de 1632

O simples acaso levou à descoberta, numa arrumação da Fundação Dionísio Pinheiro, em Águeda, da maior coleção do mundo de gravuras de Rembrandt, que pertenceu à Biblioteca Nacional de Paris.

A Fundação, criada por testamento de um empresário do setor têxtil que fez fortuna no Porto, tem expostas 14 das 282 gravuras até ao final de junho e tem sido procurada por especialistas, estando aberta a que seja feito um estudo exaustivo da coleção.

Dionísio Pinheiro, que viveu entre 1891 e 1968, foi aos 11 anos trabalhar para o Porto como marçano nos Armazéns Cunha e frequentava à noite a Escola Industrial. Deram-lhe sociedade nos Armazéns e não mais parou, desdobrando-se em atividades comerciais e industriais, de que é exemplo a criação de uma fábrica de tecidos em Rebordões, Santo Tirso.

Fez fortuna e rodeou-se de críticos de arte, galeristas e leiloeiros, construindo sob influência da esposa, Alice Cardoso Pinheiro, uma coleção de arte que por sua vontade, após a morte, teria como destino uma fundação a criar em Águeda, sua terra natal.

Luís Arruda, do conselho de administração da Fundação, explica que “foi assim surgindo uma diversidade imensa de peças, desde ourivesaria, a pintura portuguesa do séc. XIX, e arte sacra de vários períodos”, que veio do Porto para as instalações construídas para a Fundação, muitas das quais permaneceram em depósito.

“Recentemente descobrimos no depósito diversas peças, e entre elas estava um conjunto de gravuras que foram identificadas como sendo de Rembrandt, de diferentes estádios, que terão sido compradas entre 1956 e 1958, na sequência de um leilão da coleção de arte do Conde do Ameal, que as adquiriu de uma coleção da Biblioteca Nacional de Paris. É esse o percurso conhecido das 282 gravuras, em traços gerais, até virem para Águeda”, relata.

Feita a descoberta, a administração da Fundação resolveu divulgá-la e fazer uma primeira exposição temporária com uma seleção de 14 gravuras, por limitações de espaço e razões de segurança, e entende que a coleção deve ser estudada.

“Estamos abertos a que surjam iniciativas concretas para o estudo deste espólio, quer do ponto de vista artístico e histórico, quer quanto aos materiais, como o papel e as tintas”, diz Luís Arruda.

fundacaodionisiopinheiro.pt

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Outra raridade que a Fundação Dionísio Pinheiro possui são dois esmaltes de Limoges do séc. XVI, de um conjunto que retrata a Lenda de Eneias e de que existem outras peças na Europa, nomeadamente em Paris, que estavam dados como “desaparecidos” para a História.

“Têm identificação das personagens retratadas, mas não havia a informação que permitisse perceber a sua raridade. Quando surgiu a suspeita de que seriam os dois esmaltes que estariam perdidos, houve um contacto feito por uma universidade francesa que os identificou e comunicou a espetacularidade da descoberta e foi bom perceber que, afinal, não haviam sido destruídos”, comenta o administrador da Fundação.

As gravuras de Rembrandt e os esmaltes de Limoges são as últimas surpresas do “tesouro” de Dionísio Pinheiro, que pode ser visitado em Águeda e inclui uma coleção variada de pintura portuguesa do séc. XIX, mas também prataria portuguesa, mobiliário francês do séc. XVIII, porcelana e estatuária chinesa, ou marfim indo-português e cingalês.

/Lusa

1 Comment

  1. :-)Não lhes dou 3 anos para colocarem tudo à venda por uma ninharia e de serem acusados pelo estado portugues de usurpação..e posso de bens de Portugal. Guerraaaaaaaaaaaa e paga o ze tuga

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