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A máfia está a distribuir comida aos mais carenciados no sul de Itália (e isso não são boas notícias)

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Ciro Fusco / EPA

A Máfia está a distribuir gratuitamente alimentos às famílias mais carenciadas do sul de Itália, que ficaram sem dinheiro devido à quarentena decretada pelo Governo por causa da pandemia de covid-19.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, que cita autoridades locais, surgem cada vez mais relatos que dão conta que a Camorra está a doar alimentos aos moradores mais necessitados e aos pequenos negócios na Campânia, Calábria, Sicília e Puglia.

O Governo italiano optou por distribuir “cupões de alimentação“, mas a medida tem-se revelado insuficiente para responder às necessidades do povo italiano, um dos territórios mais afetados do mundo pela nova pandemia que “nasceu” em dezembro na China.

“Há mais de um mês, estão encerradas lojas, cafés, restaurantes e pubs“, começou por explicar ao diário britânico Nicola Gratteri, investigador anti-máfia e chefe de gabinete do procurador de justiça em Catanzaro, antes de explicar que esta ação da máfia pode ser uma espécie de “donativo” com segundas intenções.

“Milhões de pessoas trabalham na ‘economia cinzenta’, ou seja, não recebem rendimentos há mais de um mês e não fazem ideia de quando é que voltarão a trabalhar. O Governo está a emitir os chamados ‘cupões de alimentação’ para apoiar os cidadãos (…) Mas se o Estado não intervier em breve para ajudar estas famílias, a máfia vai prestar os seus serviços, impondo depois o seu controlo sobre a vida das pessoas“, alertou.

Segundo as autoridades, citada pela Rádio Renascença, é assim mesmo que a Camorra atua: primeiro, parece ajudar de forma gratuita as pessoas, mas depois assume o controlo dos negócios e famílias beneficiárias para os colocar ao seu serviço e ao serviço do crime, como se ficasse depois por saldar uma dívida.

Investigadores italianos já alertaram que onde o Governo não conseguir chegar com ajuda durante a pandemia encontrar-se-á, em breve, um novo território da máfia. Só no sul de Itália, um dos países mais afetados pelo covid-19, vivem cerca de um milhão de pessoas.

ZAP //

9 Comments

  1. «…Mas se o Estado não intervir em breve para ajudar estas famílias, a máfia vai prestar os seus serviços, impondo depois o seu controlo sobre a vida das pessoas…»

    A forma como este artigo descreve a actuação da máfia no Sul de Itália, faz lembrar claramente a maneira de actuar da união europeia (ue).

    No entanto a máfia tem mais dignidade, apoia à sua maneira os cidadãos Italianos, ao contrário da união europeia (ue) deixou a Itália entregue à sua sorte no combate à doença do coronavírus covid-19.

    • Então mas agora já é uma doença? Não era “só uma gripezinha”? O Figueiredo parece andar ao sabor do vento conspiratório.

    • Oh sr. Figueiredo, espero que a sua mensagem seja bem vista pekla Camortra, não se sabe que é uma espécie de assocxiação criminosa e não só, Assim eu apenas quero que reveja a(s) menmsagem)s) no sentido maios objetivo, i.e. ela a “m,áfia” ao dá nada, mas sim cobra depois e de que maneira, como aliás é nos dito pelo sr Gratelio ionvestigador anti-máfia.

    • Sem duvida uma situação que nos deixa todos a pensar, as acções de solidariedade são sempre bem vindas, talvez seja a altura da UE tomar as medidas que já deveria ter tomado.

      A Máfia está a actuar desta forma para depois cobrar mais tarde.
      As poucas medidas que a UE tomou até este momento vão nesse sentido também, linhas de crédito para cobrar mais tarde.

      No entanto a Máfia está a tomar medidas e a resolver situações no imediato.

      Nesta situação as pessoas com fome mesmo sabendo que vão pagar depois da maneira que todos sabemos, possivelmente não têm escolha.

      A UE, essa coisa que não existe, está a deixar este Povo cada vez mais dependente da máfia e a prestar um excelente serviço a esta organização, desde o inicio este Pais ficou completamente entregue ao seu destino.

      É apenas a minha opinião!

    • Parabéns pela postagem
      Se o estado nao consegue suprir a necessidade de seu povo e apareceu uma mafia (firma) dando esses donativos quem eles irão apoiar ?
      Claro que sera os mafiosos que geram a economia da informalidade

  2. Caro ZAP, lamento estar a ser a “Edite Estrela” da secção de comentários mas há um erro gramatical no texto:

    O correcto do Futuro do Conjuntivo da terceira pessoa do singular do verbo intervir, não é “se o Estado não intervir”, mas sim “se o Estado não intervier”.

    Obrigado pela atenção.

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