Made in Portugal, por neto e avó: primeiras sapatilhas do mundo feitas de flores de canábis

Bernardo Carreira e a avó estão a escrever um novo capítulo no mundo dos negócios “made in Portugal”. A dupla criou as primeiras sapatilhas do mundo feitas com flores de canábis, as “Weedo”, e vai lançar uma edição limitada a 100 pares.

Chamam-se Sapatilhas Weedo e, como o nome indica, “são as primeiras sapatilhas do mundo feitas de CBD Weed, ou seja, canábis medicinal”, conta Bernardo Carreira, co-fundador da startup portuguesa 8000Kicks, em entrevista à RFI.

Por outras palavras, são “sapatos feitos 100% de erva para fumar”, conta o seu criador. Cada par é feito com meio quilo de canábis, demora até 30 horas a ser criado totalmente à mão e vai custar 1.000 euros.

A empresa portuguesa era especializada no fabrico de sapatos feitos em cânhamo, mas agora, em vez de ter a fibra de canábis como matéria-prima, a flor da planta é que é mesmo a base.

É canábis 100% legal.É mesmo para fumar, só que nós em vez de o usarmos para fumar, usamos para fazer sapatos”, explica o empreendedor, de 29 anos. Já lhe fizeram inúmeras vezes a pergunta, que sabe incontornável: “Nesta sociedade de consumo, esses ténis fumam-se?”

A resposta é imediata e plena de boa disposição: “Tecnicamente, os sapatos não são para fumar, mas as pessoas podem agarrar no sapato, raspar o CBD do sapato e fumar o sapato. Cada um faz o que quiser com o sapato!”

Porém, esta é uma colecção “muito exclusiva” e seria um desperdício fumar as sapatilhas, avisa Bernardo. As “Weedo” fazem parte de uma edição limitada de 100 pares. Cada par é feito com cerca de 500 gramas de canábis, sendo que “os sapatos mais pequenos consomem menos que os maiores”.

São precisas 30 horas de trabalho para a realização totalmente manual do sapato. Por isso, os ténis vão custar 1.000 euros, mas já há perto de 5.000 inscrições online.

A confeção das primeiras sapatilhas do mundo com flores de canábis é apenas o mais recente episódio de uma história familiar que começou em 2019 — ano em que Bernardo regressou a Portugal, “o país dos sapatos”, e convenceu a avó, Maria Otília, a ajudá-lo graças à sua experiência de 50 anos no têxtil.

Da colaboração acabaria por nascer a startup, focada no fabrico de sapatos de cânhamo, “a fibra natural mais resistente e sustentável do planeta”, também proveniente de canábis.

O tecido feito de cânhamo tem inúmeras vantagens do ponto de vista ecológico. Para o produzir, é utilizada cinco vezes menos água do que a necessária no cultivo do algodão e não necessita de pesticidas ou herbicidas para crescer.

As sapatilhas de cânhamo de etiqueta portuguesa são o núcleo da criação, mas o catálogo inclui botas e mochilas de cânhamo impermeável. Em Novembro do ano passado, a empresa abriu a primeira loja da marca, em Lisboa.

E quanto aos próximos passos, Bernardo avisa que “há umas ideias mais malucas para o final do ano”…

// RFI

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