Luhansk e Pyongyang discutem cooperação. Antigos reclusos relatam abusos sexuais em hospital prisional russo

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Sergei Ilnitsky / EPA

O embaixador da autoproclamada República Popular de Luhansk em Moscovo, Rodion Miroshnik, reuniu-se com o embaixador norte-coreano na Rússia, Sin Hong Chul, para discutir possibilidades de cooperação comercial e económica.

Miroshnik disse que os dois diplomatas falaram, na quarta-feira, sobre cooperação “mutuamente benéfica”, nomeadamente no turismo, bem como a possível participação de Pyongyang na “reconstrução das cidades de Luhansk destruídas durante a agressão ucraniana”.

No Telegram, o diplomata de Lugansk disse que as duas partes chegaram a acordo para realizar um estudo detalhado de “áreas promissoras de cooperação”, que mais tarde serão consagradas num acordo formal.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia anunciou em julho o rompimento das relações diplomáticas com a Coreia do Norte, depois da nação asiática ter reconhecido a independência de Donetsk e Luhansk, localizadas na região de Donbass, no leste da Ucrânia.

A Ucrânia considerou a decisão de Pyongyang como uma tentativa de minar a soberania nacional e a integridade territorial do país, bem como uma violação da Carta das Nações Unidas e das normas e princípios fundamentais do direito internacional, lembrou a agência Lusa.

A Coreia da Norte e a Síria, ambos aliados da Rússia, são até ao momento os únicos países estrangeiros a reconhecer as repúblicas separatistas de Donetsk e Luhansk, apoiadas por Moscovo desde 2014. O reconhecimento russo das autoproclamadas repúblicas ocorreu em 21 de fevereiro, três dias antes de invadir o país vizinho.

Em julho, os separatistas pró-russos da República Popular de Luhansk anunciaram a criação de um comité para preparar um futuro referendo de adesão à Rússia.

Espancamentos e abusos sexuais

Numa reportagem da BBC, antigos reclusos contaram as experiências que viveram no hospital prisional de Saratov, na Rússia, relatando violações e torturas sistemáticas. Um dos casos é Alexei Makarov, diagnosticado com tuberculose e transferido em 2018 como parte de uma sentença de seis anos. Contou que foi violado duas vezes.

Numa das situações, em fevereiro de 2020, recusou-se a confessar uma suposta conspiração contra a administração prisional e três homens submeteram-no a abusos sexuais. “Durante 10 minutos espancaram-me, rasgaram-me as roupas. E durante as duas horas seguintes violaram-me de dois em dois minutos com cabos de esfregona”.

Em 2021, vários vídeos comprovaram a existência deste tipo de situações. As imagens foram divulgadas com a ajuda de um antigo recluso, Sergey Savelyev, a quem foi pedido que trabalhasse no departamento de segurança da prisão, onde monitorizava e catalogava as filmagens.

Ao descobrir o que ocorria atrás das portas fechadas, começou a copiar os ficheiros e a escondê-los. Muitos dos prisioneiros que participam nos abusos foram condenados por crimes violentos e cumprem longas penas. “Eles devem estar interessados em sair-se bem durante este período, querendo que a administração seja leal, para que possam comer bem, dormir bem e ter alguns privilégios”, explicou Sergey.

Após a divulgação dos vídeos, seis envolvidos foram presos, além do diretor do hospital prisional e do seu adjunto. Todos negam qualquer ligação aos abusos perpetrados. Em julho, alterações na lei introduziram punições severas pela utilização da tortura como meio de abuso de poder ou de extração de provas.

Lituânia suspende trânsito de mercadorias russas

Os caminhos de ferro lituanos anunciaram esta quinta-feira que suspenderam o trânsito para Kaliningrado de algumas mercadorias russas cujo volume atingiu os limites planeados. Localizado entre a Polónia e a Lituânia, o território russo de Kaliningrado é globalmente abastecido por comboios da Rússia continental.

“As médias de alguns códigos de produtos já foram alcançadas”, disse a transportadora pública lituana à agência AFP. Esses abrangem produtos de ferro e aço, madeira, fertilizantes e etilenoglicol.

“Quando a quantidade transportada de mercadorias específicas atinge as médias anuais fixas, os pedidos de transporte são indeferidos e o seu transporte não é realizado”, especificou a companhia.

Já o Parlamento da Letónia, o Saeima, classificou a violência da Rússia contra civis como terrorismo e apela à União Europeia (UE) para suspender imediatamente a emissão de vistos turísticos e a entrada a cidadãos russos e bielorussos.

“A Rússia tem prestado apoio e financiamento a regimes e organizações terroristas durante muitos anos, direta e indiretamente. Na Ucrânia, a Rússia escolheu uma tática semelhante, cruel, imoral e ilegal, utilizando armas e munições imprecisas e proibidas internacionalmente, visando uma brutalidade desproporcionada contra civis e locais públicos”, lê-se na declaração, citada pelo Guardian.

“O Saeima reconhece a violência da Rússia contra civis, que está a ser seguida para fins políticos, como terrorismo e a Rússia como um país que apoia o terrorismo e apela a outros países de pensamento semelhante para que expressem essa opinião”, afirmou ainda.

Taísa Pagno , ZAP //

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