Lucília Gago nega “culpa” pela demissão de Costa

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José Sena Goulão / Lusa

A procuradora-geral da República, Lucília Gago

Lucília Gago diz que não se sente responsável pela demissão de António Costa: “Foi uma necessidade de transparência”. A procuradora -geral da República recusou esclarecer se foi a Belém após sugestão de Costa ao Presidente.

A procuradora-geral da República, Lucília Gago, assegurou, esta quinta-feira, que não se sente responsável pela demissão de António Costa – anunciada na sequência da Operação Influencer – e acrescentou que o último parágrafo do comunicado sobre o caso decorreu de uma “necessidade de transparência”.

Não me sinto responsável por coisa nenhuma. A Procuradoria-Geral da República (PGR), o Ministério Público, investiga, perante a notícia da prática de factos, aquilo que deve investigar. Aquilo que resulta da lei é que deve investigar”, afirmou Lucília Gago, à margem de uma conferência sobre violência doméstica na sede da Polícia Judiciária (PJ).

Em declarações aos jornalistas à margem de uma conferência sobre violência doméstica na sede da Polícia Judiciária, em Lisboa, Lucília Gago quebrou pela primeira vez o silêncio sobre a investigação do processo Operação Influencer.

Questionada sobre o último parágrafo do comunicado emitido no dia 7 de novembro pela PGR a propósito da Operação Influencer e que fazia referência à existência de um inquérito autónomo relativo ao primeiro-ministro, no Ministério Público, Lucília Gago vincou que o mesmo tinha de estar incluído na nota divulgada.

“Esse parágrafo é um parágrafo que diz com transparência aquilo que estava em causa no contexto da investigação que está em curso”, disse a procuradora.

É uma necessidade de transparência, de informação relativamente à investigação que está em curso e, portanto, teria naturalmente de ser colocado, sob pena de, não constando do comunicado, se poder afirmar que estava indevidamente a ocultar-se um segmento da maior relevância”, sublinhou.

Parágrafo perigoso

O famoso “parágrafo” que ditou a queda do (ainda) primeiro-ministro foi considerado – por alguns especialistas – vago e um precedente perigoso.

A PGR tem sido, desde então, acusada de ter criado uma “crise irresponsável”, mas Lucília Gago assegura que não se sente “responsável por demissões”.

No sábado, António Costa ironizou a revelação de que o parágrafo que levou à sua demissão foi escrito pela própria Procuradora-Geral da República.

“Soubemos pelo Expresso que o parágrafo que me demitiu foi escrito pela Procuradora-Geral da República, o que é uma notícia curiosa porque ninguém partiria do princípio que um comunicado da procuradoria não fosse escrito pela procuradora”, disse Costa.

António Costa anunciou a sua demissão no dia 7 de Novembro mas o que tem sido mais comentado dessas horas históricas é a reunião de Marcelo Rebelo de Sousa com Lucília Gago, entre as duas reuniões que o presidente da república teve com o primeiro-ministro.

Continua a dúvida sobre a origem desse encontro. Quem teve a ideia?, quem procurou Lucília Gago? – e a confusão aumenta porque o comunicado, que ditou a demissão de Costa, foi publicado durante essa reunião em Belém.

 

Reunião tabu

Lucília Gago recusou esclarecer se foi recebida pelo Presidente da República por sugestão de António Costa, depois de serem conhecidas as buscas e detenções da Operação Influencer.

“Fui a Belém a solicitação do senhor Presidente da República. Não vou naturalmente revelar o teor dessa conversa, afirmou.

“É o senhor Presidente da República que me nomeia e, portanto, é absolutamente normal que queira comigo conversar sobre temas relevantes para o desenvolvimento da atividade da Procuradoria-Geral da República”, acrescentou.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. A máquina comunicacional do PS está a ver se convence a opinião pública de que foi culpa da Sra. PGR a demissão do PM, mas já não convencem todos os Portugueses. A Sra. PGR não teve culpa nenhuma porque bastou o Chefe de Gabinete do PM ter uma soma considerável de notas escondidas no Gabinete e o seu Chefe andar metido em trafulhices para ser razão suficiente para o PM de demitir.

  2. Mas convencem os de sempre, os tais da raspadinha e do euromilhões, que não têm ais nada que fazer, mas precisam que alguém trabalhe pelos subsídios

  3. Mas o que tem a ver o PM com os supostos crimes do chefe de gabinete? Haja bom senso! Como nao conseguiram derrubar o governo, alguém tinha de o fazer… Uma coisa é certa, melhor nao vamos ficar!

  4. É mais uma do “passa culpas habitual” que continua nas suas manobras de tentar iludir os cidadãos, principalmente os menos atentos, pretendendo agora e mais uma vez fazer-se de vítima. O ato de demissão foi de sua inteira e total responsabilidade, tomada a quente e talvez porque se sentiu apoquentado, sabendo do que sabe, com o desenrolar e desfecho das investigações.

  5. Engraçado, uma publicação na comunicação vale muito mais do que uma investigação do MP.
    Há anos que os “casos” acontecem, mensalmente.
    E, sim, o Chefe ou o Comandante têm que GERIR sua equipe e são, sim, resposáveis pelos erros que os subordinados cometem.
    No entanto, está a generalizar-se que o Chefe nunca sabe de nada. Prestar um serviço ao País não é servir-se do País.
    Porque há, sempre, o sentido de impunidade?

  6. O Sr. António Costa que se demitiu só o fez porque tinha responsabilidades no que se estava a passar. Durante os dois anos de governo maioritário ele apelidava os casos de casinhos, desvalorizando sempre as situações. Eram demissões de membros de governo a sucederem-se de mês e meio a mês e meio. Cada escolha era um verdadeiro “buraco”. Um governo inoperacional, em que só distribuía subsídios, ordenados mínimos e rendimentos mínimos. O Sr. Costa nunca se responsabilizou por nada. Por fim, tinha um chefe de gabinete com 75.000€ escondidos em livros no palácio de S. Bento, e um amigo que fazia lobby, a ponto de demitir o chefe de gabinete e de deitar o amigo pela borda fora. Isto não era bastante para se demitir, após tantos “casinhos”? A demissão deve-se a ele e não à PGR que ele escolheu, em detrimento da anterior. Ele só pode lamentar-se de si próprio.

  7. Grande Senhora, finalmente alguém que tem coragem de Julgar estes trafulhas que destruíram o Pais e empobreceram cada vez mais os Portugueses, mas isto há anos , se Portugal não evolui os culpados são somente dois PS e PSD mas os Portugueses preferem continuar a votar sempre nos mesmos, eles sabem uma altura vai um outra altura vai outro por isso não mudam as Leis

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