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A sua livraria em Gaza ficou em ruínas. Agora, Shaban espera reconstruí-la com ajuda de crowdfunding

Uma campanha de crowdfunding está a tentar ajudar um palestiniano a reconstruir e a reabrir a sua livraria, que fica num edifício em Gaza bombardeado pelos recentes ataques aéreos de Israel.

“Vou começar tudo de novo. Vou começar por baixo e crescer”, afirmou o palestiniano Shaban Esleem à agência Reuters, junto às pilhas de pedra do que antes foi um edifício de quatro andares na Rua Talateen, na cidade de Gaza.

Além da sua livraria, onde vendia títulos em Árabe e outras línguas estrangeiras, a infraestrutura albergava também uma outra loja de livros, uma gráfica, um apartamento e centros educativos e linguísticos.

O edifício foi um dos muitos afetados pelos ataques aéreos de Israel na cidade que, segundo os seus proprietários, ainda fez um aviso prévio sobre o bombardeamento.

O palestiniano, de 33 anos, ainda vasculha por entre as pilhas de pedra, tentando recolher os livros que restaram para guardar como recordação, mesmo os que ficaram rasgados e queimados.

Agora, uma campanha de crowdfunding no site GoFundMe, iniciada no estrangeiro por um apoiante que o viu numa entrevista, já conseguiu angariar mais de 130 mil dólares, cerca de 106 mil euros, para ajudar Esleem a reconstruir e a reabrir o seu negócio.

“Mas eu ainda não recebi nada e pode ser difícil trazer essa quantidade de dinheiro para Gaza”, disse Esleem à agência noticiosa, preocupado que o bloqueio de Israel ao enclave palestiniano possa dificultar essa receção.

Ramadan El-Njaily, proprietário de um negócio e de um apartamento no edifício bombardeado, colocou um sinal nos escombros que resume bem a situação vivida pelos moradores da cidade: “Roya Print-House, tivemos um sonho aqui e eles mataram-no.”

Njaily, de 35 anos, contou ter deixado o apartamento dois dias antes de ter sido destruído, depois de um ataque aéreo ter atingido a estrada à frente do edifício. Agora, o seu filho, de três anos, está a viver com a avó e o próprio muda-se de casa em casa de amigos. “Perdi tudo”, disse à Reuters.

Depois de 11 dias de confrontos, entre ataques aéreos israelitas e o lançamento de rockets por parte do movimento radical islâmico Hamas, o cessar-fogo entre as duas partes parece manter-se. Porém, 232 palestinianos e 12 israelitas perderam a vida e centenas de pessoas ficaram feridas.

Controlada pelo Hamas desde 2007, a Faixa de Gaza é um enclave palestiniano sob bloqueio israelita há mais de uma década e onde vivem cerca de dois milhões de pessoas.

Esta escalada de violência, considerada a mais grave desde 2014, começou a 10 de maio, após semanas de tensões entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas.

Palestinianos entraram em confrontos com a polícia em resposta às operações policiais israelitas durante o Ramadão e à ameaça de despejo de dezenas de famílias por colonos judeus.

ZAP //

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