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Lista do PSD faz estalar o verniz: há candidatos que não o são e autarcas que não foram contactados

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Mário Cruz / Lusa

O PSD anunciou, esta quarta-feira, uma lista com 100 nomes para concorrerem às eleições autárquicas, mas há autarcas a demarcarem-se da decisão anunciada pela direção.

O nome de Paulo Manuel Santos, atual presidente da Câmara de Sátão, surge na lista de 101 candidatos divulgada esta quarta-feira pelo PSD, mas, à TSF, o autarca disse que foi com surpresa que encontrou lá o seu nome.

“Estranho porque não fui abordado nesse sentido e estou convencido também que será pelo facto de eu ter condições para poder ser candidato, uma vez que só fiz um mandato. No entanto, não sou candidato ao poder executivo“, esclareceu.

Paulo Santos acrescentou que, nos órgãos locais, o seu nome nunca chegou a ser uma hipótese e que já há até um outro nome identificado.

“A concelhia já reuniu mas ainda não decidimos, a situação ainda não está decidida. Foi feita uma primeira reunião, será feita uma segunda. O nome já está escolhido, mas nunca se pôs em causa nem a minha a minha candidatura nem a não candidatura. Simplesmente, não se abordou esse assunto porque eu já há muito tempo manifestei essa vontade”, afirmou.

À semelhança de Paulo Manuel Santos, Fernando Marques Jorge, autarca de Oleiros, considera “um abuso de confiança” a integração do seu nome na lista e estranha que ninguém o tenha contactado.

“É no mínimo um abuso de confiança que lamento pois, antes de se anunciar o nome de alguém, deve ser dado conhecimento ao próprio, mas demonstra a forma de ‘dialogar’ de determinados políticos”, disse, numa nota enviada à Lusa.

À TSF, assegurou ainda não ter tomado qualquer decisão. “Ainda não decidi o que vou fazer ou se vou candidatar-me a alguma autarquia sequer”, referiu.

Nuno Gonçalves, presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, também faz parte da lista. No entanto, frisou que só consta o nome de um autarca em condições de se recandidatar às próximas eleições autárquicas.

“Embora o meu nome conste desta lista hoje apresentada, apenas se pode concluir que os atuais presidentes da Câmara do PSD, querendo, podem ou estão em condições de se recandidatar, porque os seus nomes podem ser homologados de imediato pela direção nacional do PSD”, indicou o autarca.

Em relação à sua recandidatura, remeteu para mais tarde explicações adicionais, segundo a Voz de Trás os Montes.

Silvano está a tentar perceber “onde está a polémica”

José Silvano, secretário-geral e coordenador autárquico do PSD, não entende “onde está a polémica” em torno da lista e defende ter dito “com toda a clareza” que os atuais presidentes de câmara, “os tais 77 que estão em condições de se recandidatar” poderão apresentar as suas recandidaturas “no tempo, modo e forma que entenderem“.

Além de poderem escolher o timing para a apresentação de eventuais recandidaturas, “a comissão política nacional tinha já decidido delegar” a respetiva homologação, de modo a que esse processo não demore e para que “ninguém estivesse em suspenso ou a duvidar da vontade da comissão política nacional”, esclareceu.

“A homologação é garantida. Pensei que tinha sido claro para todos, pensei que me tinha expressado de forma clara e objetiva, portanto não percebo muito bem”, confessou, citado pela TSF.

“O PSD apresentou 100 candidatos: 77 são presidentes de câmara que podem recandidatar-se e 23 eram novos candidatos”, estes últimos de “homologação nacional depois de aprovados nas respetivas estruturas concelhias e distritais”.

Em junho, a comissão política nacional deliberou que os presidentes que se quiserem recandidatar, “só em condições excecionais é que não seriam homologados pela comissão política nacional e não seriam candidatos”, explicou. “Na prática, ao apresentarmos 77 atuais presidentes de câmara que se podem recandidatar, não estamos a retirar nenhum nome do somado dos outros 23.”

Confrontado com o caso do autarca de Sátão, que revelou não querer recandidatar-se, Silvano garantiu que essa posição “não foi transmitida” à estrutura nacional do PSD.

“À estrutura nacional só chegaram, pelas estruturas locais, quatro presidentes de câmara com vontade de não se recandidatarem. Não tinha conhecimento da, se é que ela existe, não-vontade do presidente [da Câmara de Sátão] de não se recandidatar. Mas também não é drama nenhum”, afirmou.

Esta quarta-feira, Salvador Malheiro também se pronunciou sobre o assunto, defendendo que o momento para o anúncio de uma candidatura social-democrata às eleições autárquicas de 2021 deve ser escolhido pelo próprio candidato, em sintonia com a estrutura local do partido.

“Concordo completamente com esta lista e com os termos em que foi apresentada, porque deixaram claro que, mesmo havendo aprovação prévia, cada candidato tem o direito de escolher o timing próprio para o anúncio, de acordo com os seus interesses e os da estrutura local do PSD”, declarou Salvador Malheiro.

As declarações do autarca que cumpre atualmente o segundo mandato como presidente da Câmara de Ovar, surgem depois de o partido ter divulgado uma lista de autarcas que se podem recandidatar “na hora e no momento que desejarem”, por já terem homologação garantida por parte da estrutura hierárquica social-democrata.

Contactado pela Lusa, Salvador Malheiro ainda não quis falar da recandidatura, mas disse ter participado no processo que conduziu à listagem prévia de 77 presidentes de câmara previamente validados pelo PSD para a corrida às urnas.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

5 Comments

  1. O que transparece é haver má organização e coordenação entre as partes, se analisar isto à medida do meu concelho onde o candidato do PSD nunca se dá a conhecer pessoalmente e desta forma deixa sempre escapar o lugar para outros, não me parece haver formação no partido para que as coisas funcionem de forma melhor organizada e mais séria.

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