De Lincoln a JFK e Reagan. Os assassinatos a Presidentes dos EUA ao longo da história

Walt Cisco, Dallas Morning News

O presidente dos EUA, John F. Kennedy, foi assassinado em Dallas, no Texas, a 22 de novembro de 1963.

A história norte-americana é recheada de ataques perigosos contra Presidentes, tendo quatro deles acabado mesmo por morrer.

Se as imagens do ataque recente a Donald Trump lhe deram um déjà vu, não é por acaso. Com tantos incidentes de assassinatos e tentativas de assassinato ao longo da história, os Estados Unidos já têm quase que uma tradição sinistra de colocar um alvo nos seus líderes políticos.

O ZAP fez uma viagem pela longa história dos assassinatos e tentativas de assassinato mais marcantes dos Estados Unidos.

Presidentes assassinados

Abraham Lincoln

Comecemos com o primeiro caso e um dos mais impactantes — Abraham Lincoln. O icónico Presidente que aboliu a escravatura e liderou os EUA durante a sangrenta Guerra Civil foi assassinado com um tiro na parte de trás da cabeça por John Wilkes Booth, durante uma ida ao teatro a 14 de Abril de 1865.

Lincoln foi levado para uma casa em frente ao teatro para receber atenção médica, mas acabou por morrer na manhã seguinte. A sua apologia do fim da escravatura é apontada como uma motivação para o assassinato.

O vice-Presidente Andrew Johnson assumiu as rédeas dos Estados Unidos após a morte de Lincoln. Já Booth foi apanhado e morto a tiro a 26 de Abril de 1865, tendo sido encontrado escondido num celeiro perto de Bowling Green, na Virgínia.

James A. Garfield

James Garfield teve pouco tempo para aquecer a famosa cadeira da Sala Oval antes de ser assassinado. Apenas seis meses após assumir a Presidência, o chefe de Estado foi baleado mortalmente por Charles Guiteau, enquanto caminhava numa estação de comboio em Washington, a 2 de Julho de 1881.

O inventor Alexander Graham Bell até criou um dispositivo especificamente para ajudar a encontrar a bala alojada no peito de Garfield, mas de nada valeu. Após várias semanas de espera na Casa Branca, Garfield acabou por morrer a 19 de Setembro de 1881, com uma infeção resultante dos ferimentos.

Os motivos de Guiteau não foram claros. Há quem aponte possíveis problemas psiquiátricos do atirador, desde a esquizofrenia ou demência resultante de uma infeção com neurosifílis. O assassino acabou por ser condenado e executado em Junho de 1882.

William McKinley

McKinley estava a cumprimentar pessoas após um discurso em Buffalo quando foi baleado no peito à queima roupa, a 6 de Setembro de 1901. Inicialmente esperava-se que McKinley sobrevivesse, mas os tecidos em torno dos ferimentos começaram a morrer, com o Presidente a acabar por falecer a 14 de Setembro.

Leon F. Czolgosz, um desempregado de 28 anos residente em Detroit, confessou a autoria do tiroteio, considerando que era o seu dever enquanto anarquista matar um “símbolo de opressão” como McKinley. O assassino acabou por ser executado na cadeira elétrica a 29 de Outubro de 1901.

John F. Kennedy

Não podia faltar nesta lista aquele que é talvez o assassinato presidencial mais conhecido da história e que continua até hoje a alimentar imensas teorias da conspiração.

Kennedy foi morto a tiros por um assassino oculto armado enquanto cumprimentava a população de Dallas em novembro de 1963, acompanhado pela com a primeira-dama Jacqueline Kennedy, num carro descapotável. O Presidente ainda foi levado para o hospital, mas morreu pouco tempo depois.

O vice-presidente Lyndon B. Johnson sucedeu-lhe, tendo tomado posse que tomou numa sala de conferências a bordo de um avião da Força Aérea.

Horas depois do assassinato, a polícia prendeu o atirador Lee Harvey Oswald, um ex-fuzileiro, num prédio próximo. Dois dias depois, Oswald estava a ser levado da sede da polícia para a prisão do condado quando o dono de uma discoteca em Dallas, Jack Ruby, disparou mortalmente sobre Oswald.

Ruby alegou que matou Oswald para poupar Jackie Kennedy do desconforto do julgamento, mas há teorias da conspiração que apontam que Ruby teria planeado a morte de Kennedy juntamente com Oswald e que teria matado o parceiro para que este não o incriminasse durante o inquérito.

Presidentes que sobreviveram a ataques

Franklin Roosevelt

A 15 de fevereiro de 1933, ainda antes de Roosevelt tomar posse no seu primeiro mandato, Giuseppe Zangara disparou cinco tiros na sua direção, em Miami. A mira de Zangara saiu ao lado e nenhum dos tiros atingiu o Presidente eleito, mas Anton Cermak, o presidente da Câmara de Chicago, acabou por morrer.

Nunca foi determinado de forma conclusiva quem era o alvo de Zangara, mas a princípio a maioria presumiu que estaria a tentar matar Roosevelt. Outra teoria é que a tentativa pode ter sido ordenada por Al Capone, e que Cermak, que liderou a repressão ao Chicago Outfit, foi o verdadeiro alvo. Zangara acabou por ser executado na cadeira elétrica a 20 de março de 1933.

Harry Truman

A 1 de Novembro de 1950, dois ativistas pró-independência porto-riquenhos, Oscar Collazo e Griselio Torresola, tentaram matar o presidente Truman na Blair House, a residência temporária de Truman morava enquanto a Casa Branca estava em obras.

Truman não foi ferido, mas um polícia e Coffelt morreram devido à troca de tiros. Collazo sobreviveu com ferimentos graves e foi condenado à morte num julgamento federal e recebeu sentença de morte. No entanto, Truman atenuou a sentença de morte de Collazo para prisão perpétua, e em 1979, o presidente Jimmy Carter ordenou a libertação de Collazo.

Ronald Reagan

Enquanto entrava no carro após um discurso em Washington, Ronald Reagan foi baleado por John Hinckley Jr, a 30 de Março de 1981. Para além de Reagan, três outras pessoas foram atingidas, incluindo o porta-voz da Casa Branca, James Brady, que ficou paralisado como resultado do incidente. O Presidente acabou por recuperar dos ferimentos.

John Hinckley Jr. foi preso e confinado a um hospício depois de ser considerado inimputável no julgamento. A motivação de Hinckley para o ataque terá sido a sua obsessão com Jodie Foster, com o atirador a revelar que o seu objectivo era impressionar a atriz.

Em 2022, Hinckley foi libertado após um juiz considerar que tinha deixado de ser “um perigo para si mesmo e para os outros”.

 

Theodore Roosevelt

Três anos e meio depois de deixar a Presidência, Theodore Roosevelt voltou concorreu nas eleições presidenciais de 1912 como membro do Partido Progressista. Enquanto fazia campanha em Milwaukee, Wisconsin, a 14 de outubro de 1912, John Schrank, um dono de bar de Nova Iorque que o perseguia há semanas, atirou em Roosevelt uma vez no peito.

O texto de 50 páginas do seu discurso, que estava dobrado duas vezes no bolso do peito de Roosevelt, e um estojo de óculos de metal, acabaram por travar o impacto da bala e salvaram a sua vida.

Schrank foi imediatamente desarmado, capturado e quase linchado, caso Roosevelt não tivesse gritado para que Schrank permanecesse ileso. No julgamento de Schrank, o atirador afirmou que William McKinley o visitou num sonho e lhe disse para vingar o seu assassinato matando Roosevelt. Foi considerado legalmente louco e ficou internado até sua morte em 1943.

Gerald Ford

Num período de poucas semanas em 1975, Gerald Ford escapou ileso a duas tentativas de assassinato. Na primeira, Ford estava a caminho de uma reunião com o Governador da Califórnia quando Lynette Fromme — uma integrante do culto de Charles Manson conhecida como “Squeaky” — apontou uma arma semi-automática ao Presidente. No entanto, a arma não disparou. Fromme foi condenada a prisão perpétua, mas acabou por ser libertada em 2009.

Apenas 17 dias depois, foi a vez de Sara Jane Moore tentar matar Ford à porta de um hotel em São Francisco. Moore disparou uma vez, mas falhou, tendo uma pessoa próxima tirado a arma da sua mão quando a atiradora ia tentar um segundo tiro. Moore foi também condenada a prisão perpétua, mas acabou por ficar em liberdade condicional em 2007, após a morte natural de Ford.

George W. Bush

A 10 de Maio de 2005, enquanto discursava em Tbilisi, na Geórgia, George W. Bush esteve perto da morte quando Vladimir Arutyunian atirou uma granada de mão RGD-5 em direção ao pódio. A granada tinha o pino puxado, mas não explodiu porque um lenço xadrez vermelho estava enrolado firmemente à sua volta dela, impedindo que a alavanca de segurança se soltasse.

Depois de escapar naquele dia, Arutyunian foi preso em julho de 2005. Durante a sua prisão, matou um agente do Ministério do Interior e acabou por ser condenado a prisão perpétua em Janeiro de 2006.

Adriana Peixoto, ZAP //

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